Uma pesquisa recente da Serasa, em parceria com a Opinion Box, revela o forte elo entre o aperto financeiro e o bem-estar emocional no Brasil. O estudo, que ouviu 1.240 pessoas, mostrou que 84% dos brasileiros sentem que problemas com dinheiro já prejudicaram sua saúde mental.
O impacto é profundo e atinge o descanso: 70% dos entrevistados admitiram já ter perdido o sono preocupados com dívidas.
Apesar da ampla experiência com o problema, o tema ainda é tabu. Quase dois terços dos brasileiros (65%) se esforçam para esconder suas dificuldades financeiras, o que evidencia a vergonha e o estigma social que persistem em torno da falta de dinheiro.
O cenário se agrava quando a crise financeira impede o acesso a soluções. Quase metade (49%) já deixou de buscar ajuda psicológica ou terapia por não conseguir pagar as consultas. A dificuldade financeira, portanto, não apenas causa o desgaste emocional, mas também se torna uma barreira cruel para o tratamento. Fica claro que a saúde financeira e a saúde mental estão inseparavelmente ligadas, e cuidar das finanças é essencial para o equilíbrio emocional e a qualidade de vida.
As consequências do estresse financeiro são variadas. O principal sintoma provocado pelas dívidas é a ansiedade, mencionada por 49% dos participantes.
- Humor e estabilidade emocional são os mais prejudicados (48%). Autoestima é afetada em 44% dos casos. Perda de energia e disposição é relatada por 32%.
- Dificuldade de concentração no trabalho e nos estudos atinge 30% dos entrevistados.
- Em um dado alarmante, um a cada dez brasileiros também relatou ter desenvolvido transtornos alimentares devido ao desgaste emocional causado pelo aperto financeiro.
A psicóloga Ana Café reforça que o bem-estar integral não pode ignorar a questão financeira, já que a falta de preparo para lidar com o dinheiro pode desencadear sintomas físicos como ansiedade e taquicardia.
A dificuldade não se restringe a quem vive em privação. Pessoas que tiveram escassez na infância podem desenvolver um “sentimento de sobrevivente”, vivendo na constante necessidade de fazer mais. Ao mesmo tempo, quem sempre teve dinheiro, mas carece de educação financeira, também pode ter sua saúde mental afetada por inabilidade em fazer escolhas e gerenciar o orçamento.
Entre as soluções, criar uma reserva de emergência é fundamental para aliviar o estresse financeiro. O ideal é destinar mensalmente pelo menos 10% do salário para essa poupança, a ser usada apenas em casos de urgência.
Fonte: UOL