Poucas vezes na história das nossas vidas tivemos a oportunidade de compreender o significado da Páscoa como neste ano de 2022. As pessoas insistem em espalhar as pegadas do coelho, para ensinar as crianças a capturar o consumo, colocando as bases de uma atitude diante do mundo que, infelizmente, contribuiu para desequilibrá-lo e ameaçar sua existência. Não que devemos satanizar o consumo. Afinal, dependemos dele para viver. Estamos nos referindo ao consumismo de alguns e a escassez de recursos para a maioria consumir aquilo de que precisa. Estamos falando de sementes, de onde brota e rebrota o verbo viver.
O movimento entre a vida e a morte
Mas não é sobre consumir precisamente o conceito de Páscoa ao qual estamos nos referindo. E a palavra Páscoa, uma festa muito importante na tradição judaica, de onde procede nossa formação espiritual e religiosa, significa passagem. A passagem do anjo, a travessia do Mar Vermelho, e também o movimento que separa a vida e a morte. E aí este sentido que nos importa.
Páscoa e reconciliação
A tradição cristã, responsável por uma influência universal sem precedentes na história da humanidade, centraliza na figura de Jesus Cristo, o sentido maior da Páscoa sobre o qual precisamos nos debruçar, não apenas durante os dias da Semana Santa. A doutrina católica e os ensinamentos cristãos traduzem a Páscoa como este movimento chamado reconciliação. O movimento em que Deus faz as pazes com a humanidade que delicia apartou através do egoísmo atávico, ou seja, dos fundamentos memoriais do Gênesis!
Paixão e morte
E quando dizemos tem que morrer para germinar, estamos falando exatamente disso: do plano de Deus em relação aos homens, baseado exclusivamente no gesto de amor e dor. Aliás, não há separação entre amor e dor. Desde o nascimento, a dor do parto rapidamente se esvazia como condão mágico do choro do filho amado e esperado. E o mesmo se aplica, simbolicamente, a paixão e morte de Jesus Cristo.
Quem deve ser marcado para morrer?
E refletindo sobre as implicações destes fatos na vida cotidiana, um calvário permanente para a imensa maioria, quem deveria morrer no sentido literal do termo? Quem deveria ser removido radicalmente da face da terra??? Para que a verdade reinício grana, é preciso matar a mentira. É preciso eliminar a ideologia da enganação, a sedução hipócrita de promessas que nunca serão realizadas. O peixe que foi prometido, não foi entregue e negou a milhares de pessoas a oportunidade de satisfazer a mais básica das suas necessidades: a fome. Tem que morrer quem provoca a fome e aqueles que com ela não se preocupam muito menos se responsabilizo. O resto é a construção da ressurreição e da vida, humanamente repartida, socialmente justa e incansavelmente solidária.
Autor do artigo: Mário Bakunin, Editor Virtual – O autor é editor transcendental do Maskate, neoanarquista, católico, apostólico e amazonense.