Numa operação policial de grandes proporções nesta quarta-feira (7), as autoridades da Alemanha prenderam 25 pessoas suspeitas de participar de um grupo terrorista de extrema direita que tinha como objetivo derrubar o estado alemão.
Os suspeitos que foram detidos são acusados pelo Ministério Público do país de estarem tramando e organizando um golpe de estado desde novembro de 2021.
Tal preparação inclui a compra de equipamentos, o recrutamento de novos membros e a realização de aulas de tiro.
Uma das surpresas das autoridades ainda foi descobrir que um dos membros ativos do grupo era um soldado do Comando das Forças Especiais, além de vários reservistas. Militares ainda estão sob investigação.
De fato, o inquérito descobriu que o grupo de extrema direita tentava recrutar membros das Forças Armadas e policiais.
Para realizar a operação, as autoridades alemãs mobilizaram 3 mil policiais e forças de segurança em 11 estados federais, como Baden-Wuerttemberg, Baviera, Berlim, Hesse, Baixa Saxônia, Saxônia e Turíngia. Grupos na Áustria e Itália também foram alvo de um mandado de busca e apreensão.
Nos últimos anos, em meio a um debate sobre a forma pela qual o partido de extrema-direita AfD chegou a ser uma força política na Alemanha, as autoridades em Berlim reconheceram que estão sendo obrigadas a lidar com outro problema: a presença de neonazistas dentro do próprio exército alemão.
Num informe produzido pelo Ministério da Defesa da Alemanha há cinco anos e enviado ao Parlamento em Berlim, o governo admitiu que 391 casos suspeitos de infiltração de extremistas dentro das casernas foram analisados. Pressionado, o governo de Angela Merkel ainda indicou naquele momento que iria adotar novas medidas e que tem “tolerância zero” em relação a casos descobertos.
Controles mais rígidos foram adotados para avaliar recrutas. Em termos proporcionais, o número de casos de neonazistas é marginal dentro de uma instituição com quase 180 mil pessoas. Mas uma proliferação de revelações por parte da imprensa alemã sobre incidentes nos quais soldados foram identificados como sendo simpatizantes de grupos neonazistas reabriu o debate sobre a presença da extrema direita na sociedade.
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