Natan de Melo Furtado, 33, foi preso na segunda-feira (23), no município de Iranduba, suspeito de assassinar ao menos três mulheres no Amazonas. Entre as vítimas estão Esmeralda Rocha da Cruz, de 51 anos, morta no dia 27 de setembro de 2016 e Ana Lúcia Barbosa da Silva, assassinada no dia 27 de junho de 2021. Ambas foram mortas no município de Boca do Acre e tiveram seus corpos queimados pelo suspeito. Outra vítima é de Manaus e trata-se de Leonor Maria Nascimento da Silva, 57, assassinada a tesouradas no dia 22 de junho de 2022, no bairro Raiz, zona Sul.
De acordo com o delegado titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), Ricardo Cunha, o suspeito pode ser considerado um serial killer, uma vez que só matava mulheres acima dos 40 anos. “Ele tinha um padrão, se aproximava dessas mulheres, ganhava a confiança delas e e adquiria vantagens com essa aproximação, mas quando algo o desagradava ele tirava a vida dessas pessoas de forma brutal”, comentou.
Cunha detalhou que o primeiro crime de Natan ocorreu em 2016, ocasião em que ele incendiou a residência da vítima com ela dentro. O segundo crime foi em 2021 onde ele novamente queimou a casa com a vítima. O terceiro crime ocorreu em Manaus, em 2022, quando ele mata uma mulher que alugava a casa para ele com diversas tesouradas pelo corpo.
“Após ele cometer esses dois crimes de maneira semelhante, com mulheres que se relacionavam com ele, o mesmo foge de Boca do Acre e vem para Manaus, onde se aproxima de outra vítima e temos mais um crime”, disse.
Conforme a adjunta da DEHS, delegada Marília Campello, em ambos os crimes de Boca do Acre, Natan foi flagranteado, mas conseguiu serrar as grades da cela em que estava e fugiu para Manaus, onde fez a sua terceira vítima, Leonor Maria, uma mulher que fazia tratamento de câncer e que não tinha nenhum envolvimento amoroso com ele.
“As mulheres que ele matou em Boca do Acre tinham um envolvimento afetivo com ele. A vítima de Manaus não tinha nada com Natan, ele era inquilino dela. Ela era sozinha, vivia com a filha dela, um belo dia quando essa jovem volta para a casa encontra a mãe morta com 73 tesouradas. No inicio achávamos que era um latrocínio, mas quando vimos quem era o autor, que tinha esse padrão de ódio, mulheres mais maduras, a gente troca essa explicação por crime de feminicídio, crime de ódio de forma brutal. Ninguém merece morrer desse jeito, ainda mais uma mulher. A dona Leonor fazia tratamento para câncer, uma mulher vulnerável na mão de um criminoso desses. Após a morte dela, ele levou várias coisas do local, tudo registrado por câmeras de segurança. Os investigadores acharam em um terreno bem próximo, uma sacola com as roupas que ele usava ensanguentada, bem como peças intimas dessa vítima. Estamos esperando a perícia para saber se teve abuso sexual”, revelou.
A delegada disse ainda, que os crimes cometidos por Natan tiveram apenas motivação de ódio as mulheres e de misoginia. “Não tem outra motivação, não tem outra explicação. Essa mulher que ele matou tinha 57 anos e fazia tratamento para câncer, ele podia ter levado o que quisesse da casa dela sem precisar desferir 73 golpes de arma branca nela”, ressaltou.
Em Iranduba, o suspeito usava uma identidade falsa e estava abrigado na Fazenda da Esperança, segundo a delegada. “Ele é extremamente perigoso, não pode estar em sociedade porque vai fazer outras vítimas. Ele nega tudo, mas temos provas para não acreditar nisso”, finalizou.
Natan responderá pelo crime de feminicídio e ficará a disposição da Justiça.
Foto: Jefferson Moura