Antônio Andrade, presidente do boi-bumbá Garantido e sua vice, Idamar Silva, foram afastados dos cargos há uma semana do 56º Festival Folclórico de Parintins. A decisão foi tomada na noite desta sexta-feira (23), pelo presidente do Conselho de Ética da agremiação folclórica, Gerson de Oliveira Rodrigues.
Andrade recebeu a noticia sobre a decisão durante o Ensaio Técnico do Garantido, no curral Lindolfo Monteverde.
No documento endereçado a Antônio, o boi vermelho não esclarece o motivo do afastamento, mas dá um prazo de dez dias para que ele estabeleça sua defesa. “Meu interesse é apenas colocar esse boi na Arena, e todo mundo entrar satisfeito. É isso que eu estou negociando, o resto não me interessa, me interessa colocar o boi na arena, porque a galera precisa disso. Vamos ver o que vai dar dessa negociação”, explicou o agora ex-presidente Antônio Andrade em entrevista para o A Crítica.
Pedido de afastamento
Na quarta-feira (21), o Conselho Fiscal do Boi Garantido, formado por três membros, pediu ao Conselho de Ética e à diretoria da agremiação, o afastamento de Antônio Andrade do cargo de presidente. O pedido ocorre após Andrade comunicar ao governo que o bumbá ficaria de fora do festival por falta de dinheiro. Os conselheiros alegaram “incompetência” de Andrade.
Leia a nota na íntegra: O Conselho Fiscal do Boi Garantido, por meio dos Conselheiros Astryd Portilho, Ivanez Barros e Raimundo Oscar de Oliveira, vem publicamente informar que protocolou junto ao Conselho de Ética do Boi Garantido, a Associação Folclórica Boi Bumbá Garantido e informou ao Ministério Público do Estado do Amazonas, pedido afastamento do Presidente do Boi Bumbá Garantido, Antônio Andrade Barbosa, da Vice Presidente Ida Silva e de toda sua Diretoria.
Nosso entendimento é que novamente o Presidente Antônio Andrade não tem condições para comandar o nosso Boi Garantido há poucos dias para o Festival 2023. É de conhecimento público que o Boi Garantido vem, sob o comando do Presidente Antônio Andrade, passado por uma série de descalabros e reiteradas infrações ao estatuto do Boi Garantido. A incompetência do Presidente Antônio Andrade se mostrou oficializada por meio de Ofício enviado ao Governo do Estado nesta semana. Nele, o gestor faz clara chantagem contra apoiadores da festa, principalmente Governo do Estado e apoiadores da iniciativa privada. Gesto que coloca inclusive, o Festival de Parintins sob ameaça.
Importante frisar que não é a primeira vez que este Conselho tem denunciado o presidente, sua vice e a diretoria, quando por duas vezes, reprovou as contas anuais da Associação comandada por eles.
Inclusive, há um inquérito civil tramitando no Ministério Público do Estado do Amazonas impetrado por este Conselho por conta dos desmandos e claras irregularidades nas contas do Garantido. Não temos dúvida, que essas irregularidades causaram mais esse novo episódio de caos e vergonha para a nação vermelha e branca.
Levando em consideração os acontecimentos vexatórios pós Festival de 2022 e atuais, estamos encaminhando pedido de afastamento ao Conselho de Ética e também ao Ministério Público do Estado do Amazonas.
Tentativa de chantagem contra o governo
O dirigente do Garantido ameaçou não colocar o Boi-Bumbá na arena caso o governo do Amazonas não ajudasse a pagar as dívidas da agremiação. A chantagem foi feita pelo presidente, Antônio Andrade Barbosa, na segunda-feira (19), faltando 11 dias para o maior festival folclórico do mundo.
O dirigente dá duas opções ao governo: o Garantido se apresentar “com sérias dificuldades de naturezas diversas, principalmente financeiras ou efetivar o pagamento de todos os recursos humanos envolvidos na construção do Boi 2023”. E acrescenta ainda: “Somente uma dessas opções poderia ser tomada, dada a escassez pecuniária atual”. Antônio, logicamente escolheu a segunda opção!
Antônio diz ainda que o dinheiro deverá ser depositado entre hoje e amanhã, caso contrário, o Boi do coração na testa, não terá condições de entrar na arena em nenhuma das três noites. “Isso implica a ausência de condições de nos apresentarmos nas três noites do Festival. Objetiva-se, assim, não só o pagamento dos trabalhadores, mas também evitar o colapso que se aproxima em caso de não cumprimento do acordado com nossos artistas em geral. Trata-se de calamidade iminente, com direito a ameaças de morte e cenário de caos social que deverá afetar não somente o Boi Garantido, mas a cidade de Parintins como um todo”.
O que chama atenção nisso tudo é que a mesma quantia de verba, R$ 13,6 milhões, destina ao Caprichoso, que não tem problema nenhum em ir a arena, foi dada ao boi da Baixa do São José: R$ 5.000.000 do Estado; R$ 4.500.000 dos patrocínios; R$ 1.250.000 da Coca-Cola e R$ 2.900.000 Bilheteria.
Se não se apresentar, a agremiação dará um calote milionário nos perrechés, que compraram os passaportes antecipados, contra os patrocinadores públicos e privados do festival.
Presidente interino
Quem assume a presidência agora, é o é diretor administrativo do bumbá, Adson Silveira Buterama, após decisão da comissão formada para captar recursos necessários para finalizar os trabalhos e o Garantido poder se apresentar nas três noites de festival.
“Elas vão captar os recursos, fazer os pagamentos, e tenho certeza que a gente vai conseguir pagar todas as contas que o boi tem e levar o Garantido para a arena e ser campeão”, afirmou Buterama. “No mínimo, a gente precisa de R$ 2 milhões para fechar o Garantido e chegar bem na Arena”.
Segundo ele, todo o material já chegou a ilha, mas falta dinheiro para pagar o pessoal. “Nosso único problema hoje é a folha de pagamento”.
A comissão é formada pela diretora financeira do Garantido, Ana Miranda, pela empresária Ana Paula Perrone, a presidente do Movimento Amigos do Garantido, Ana Cláudia Santos, e sua vice Ana Lúcia Holanda.