O governador Wilson Laranja-Lima celebrou o aniversário da capital do estado que governa faz 5 anos, na última terça-feira (24), com uma super rodada de inauguração pelo Rodoanel Rapidão com a imprensa, velhos amigos e novos aliados. Não chegou a assumir sua satisfação, nem precisava. Pelo brilho de suas feições políticas e pelas entrelinhas – nítidas e contundentes – de seus anseios. Wilson Lima vem pras cabeças e topa lançar seu candidato mais uma para celebrar o desfecho de um projeto político traçado no ano passado.
Como espólio deste projeto
O governador não se calça nos dados da última pesquisa de intenção, lançados simultaneamente aos festejos de aniversário da cidade. E para aqueles que desconfiam de sua capacidade de “dar o troco” como lhes fizeram no último pleito, ironiza: “Só não prometo disputar nenhuma corrida por Manaus, nem São Silvestre…” É claro que essa disposição passa pela separação do apoio do prefeito David Almeida, a outra ponta da dobradinha. David foi convidado para a inauguração, mas não deu as caras. Nem mandou o Rotta para fazer as honras.
Ônibus, carros, bikes e motos
O paradigma de desenvolvimento adotado no recente processo de ocupação e desenvolvimento de Manaus deixou sequelas urbanas e demandas sociais não atendidas. A cidade cresceu de forma caótica e hoje apresenta uma mobilidade urbana muito aquém das recomendações da ONU para atendimento dos parâmetros mínimos de qualidade de vida, enquanto a atual e as passadas só se preocupam com as ciclovias.
Um horror
Chamada de Paris dos Trópicos, no Ciclo Áureo da Borracha, Manaus descuidou de seu patrimônio arquitetônico e cultural. Desde o governo Eduardo Ribeiro (1893 a 1896) não existe uma política pública de ordenamento urbano e ambiental da cidade. O último Plano Diretor permanece apenas no papel, pois a desordem urbana tem sido a marca do modelo de crescimento, enquanto as licitações para coleta de lixo e ampliação de ruas sob suspeitas com investigação da Polícia Federal.
Cinturão de miséria
Com o advento da Zona Franca, correntes migratórias do interior e de estados vizinhos ocuparam desordenadamente o espaço e a ação do poder público revelou-se ineficaz no atendimento de uma demanda tão grandiosa e inesperada. Manaus ultrapassou Belém em taxas demográficas e na diversidade de problemas de saneamento, moradia, segurança e lazer. Para se ter uma ideia, nossa capital tem mais que o dobro da população de Lisboa.
Calçadão vermelho
A vista desse cenário, impõe-se um mutirão de parceria para conhecimento e enfrentamento da questão urbana em todas as suas dimensões. A celebração do aniversário da cidade – 24 de outubro – provocou o compromisso cívico de todos os atores envolvidos nessa trama urbana para que identifiquemos saídas e cenários. Os protestos contra a faixa vermelha no calçadão da Ponta Negra foram só a ponta do iceberg.
Ninguém Merece
- O prato está ficando pequeno para tanta colher e o mingau já esfria no meio enquanto Sabá Reis exercita seu lado de artista plástico renascentista para o desespero de urbanistas e arquitetos.
- Bocas vorazes sentaram à mesa. Menezes, Omar, Wilson, Eduardo, Cidade, Amon, só para citar alguns, já estão comendo pelas beiradas.
- Anúncios na Time Square não emplacaram e o transporte coletivo continua um caos, mesmo com todas as subvenções.
- Os que se humilham serão exaltados, diz o versículo bíblico… o contrário também vale nesse caso.