O Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido popularmente como derrame, acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. É uma doença que acomete mais os homens e é uma das principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o mundo.
Existem dois tipos de AVC: o isquêmico e o hemorrágico. O isquêmico é o mais frequente e ocorre quando há obstrução de uma artéria que impede a passagem de oxigênio para células cerebrais, que acabam morrendo. Já o tipo hemorrágico é caracterizado pelo rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia. Em geral, o hemorrágico causa danos cerebrais mais rápidos e de maior magnitude, mas estima-se que o isquêmico represente cerca de 80% de todos os casos.
Entre os anos de 2000 e 2022, foram registrados 24.394 óbitos hospitalares por AVC isquêmico no município de São Paulo, segundo levantamento do Projeto Avaliação do Desempenho do Sistema de Saúde (Proadess) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os números correspondem a pacientes com 45 anos ou mais, com tempo de permanência (hospitalização) de até 30 dias.
Quanto mais rápido for o diagnóstico e o tratamento do AVC, maiores serão as chances de recuperação completa. Desta forma, torna-se primordial ficar atento aos sinais e sintomas e procurar atendimento médico imediato. Por isso, neste 29 de outubro o calendário de saúde assinala o Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral, dedicado à conscientização sobre as formas de prevenir e identificar o AVC.
Sinais e diagnóstico
De acordo com o Ministério da Saúde, o AVC é uma doença tempo-dependente, ou seja, quanto mais rápido o tratamento, maior a chance de recuperação completa. Sendo assim, é primordial a identificação dos sinais de alerta, para o reconhecimento da ocorrência.
Os mais comuns são: alterações na fala; dificuldade para entender comandos simples; confusão mental; perda visual em um ou nos dois olhos; convulsão; perda de força e/ou sensibilidade em um ou ambos os lados do corpo; perda de equilíbrio, coordenação ou dificuldade para andar e dor de cabeça intensa.
Em caso de reconhecimento desses sintomas, deve-se ligar imediatamente para o Serviço de Atendimento Médico de Urgência-(Samu) 192, que será o responsável pela triagem dos pacientes com suspeita de AVC, ou se dirigir à unidade de saúde mais próxima.
O diagnóstico é feito por meio de exames de imagem, que permitem identificar a área do cérebro afetada e o tipo do derrame cerebral. A tomografia computadorizada de crânio é o método de imagem mais utilizado para a avaliação inicial do AVC isquêmico agudo, demonstrando sinais precoces de isquemia.
Testes para auxiliar na detecção
• Verifique se o paciente está com a boca torta e peça para que ele dê um sorriso. Se o rosto permanecer imóvel, pode ser AVC;
• Caso ele reclame de perda de força nos braços, peça para que levante as mãos para o alto. Se não conseguir, fique alerta;
• Fale uma frase ao paciente e peça para que ele repita. Caso tenha dificuldade, providencie atendimento médico imediatamente.
Fatores de risco
Há fatores de risco que contribuem para o aparecimento de um AVC, como idade, raça, genética e o sexo, que são fatores de risco não modificáveis. Porém, existem os fatores de risco modificáveis, tais como, tabagismo, uso excessivo de álcool e drogas, hipertensão arterial, diabetes mellitus, níveis elevados de gordura no sangue e excesso de peso e sedentarismo. O controle e prevenção destes fatores de risco modificáveis é a principal forma de prevenção do AVC.
Os fatores de risco modificáveis podem e devem ser tratados e/ou acompanhados na própria Unidade Básica de Saúde (UBS), como a hipertensão arterial (pressão alta), a diabetes mellitus, as doenças cardíacas, a enxaqueca, o sedentarismo e a obesidade. Manter um hábito saudável de vida é importante para ajudar a prevenir o derrame.
Tratamento e reabilitação
Uma vez ocorrido, o tratamento do AVC é feito nos Centros de Atendimento de Urgência, que são os estabelecimentos hospitalares que desempenham o papel de referência para este tipo de atendimento. Essas unidades de saúde disponibilizam e realizam o procedimento com o uso de trombolítico, conforme Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) específico. Os pacientes com suspeita de AVC com os sintomas descritos acima devem imediatamente procurar um destes estabelecimentos de Urgência pois tempo é cérebro viável, quanto mais rápido instituir o tratamento maior a chance de recuperação. Cada caso será avaliado e a melhor terapêutica indicada será utilizada.
Uma vez estabilizado o quadro do AVC já pode ser iniciado a reabilitação, ainda intra hospitalar. Após a alta hospitalar, a reabilitação pode ser feita nos Centros Especializados em Reabilitação (CERs), cujo acesso se dá a partir do encaminhamento das UBSs. Nos CERs é realizada uma avaliação da equipe multiprofissional, que define o tratamento mais adequado para cada paciente.
São promovidas terapias, orientações às famílias e, caso seja necessário, a entrega de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção. Os atendimentos realizados nesses centros contam com uma equipe de trabalho composta por fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, médicos e enfermeiros.