‘Explode’ número de pessoas em situação de rua na área central de Manaus
O número de moradores de rua em Manaus aumenta a cada mês, com concentração maior no Centro da cidade e os motivos nem sempre são financeiros. Vão desde vício em drogas e álcool a problemas familiares. Ano passado, segundo estimativas do governo do Estado, eram 466 pessoas em situação de rua, mas nem sempre todos os moradores são incluídos. Muitas vezes alguns não estão no ‘ponto’ quando os pesquisadores passam.
Segundo especialistas e atuantes em atendimento à população em situação de rua, a capital amazonense possui 1.106 mil pessoas morando em praças, esquinas e viadutos.
Mesmo com diversos programas sociais tanto da prefeitura como do governo, além do benefício do Bolsa Família para essa população, ainda faltam políticas públicas que realmente as acolham.
De acordo com Rosiane Pinheiro, escritora e autora de livro sobre esse tema, faltam políticas de moradia, abrigo ou casa de passagem para a população de rua.
“Até mesmo banho para dar mais dignidade a essas pessoas, mas a ausência de políticas de moradia são um dos graves problemas que geram e aumentam essa população”, disse.
A falta de um abrigo-albergue, como existe nos Estados Unidos, também contribui para que esse número seja sempre crescente, uma vez que em Nova Iorque, de acordo com dados de lá, esse percentual vem diminuindo. Em Manaus, pessoas que vieram de outros locais, como da Venezuela ou indígenas da etnia Warao, engrossam esse número.
“Temos uma população de rua composta por homens e mulheres entre 24 a 50 anos, a maioria vive na área central. Mês passado também catalogamos 13 idosos em situação de rua nas proximidades da Manaus Moderna. 95% desses idosos recebem auxílio como Bolsa Família. Hoje, cem por cento dos idosos que moram nas ruas são consumidores de bebidas alcoólicas, assim como moradores de rua em Manaus fazem uso de entorpecentes”, observou a escritora.
Atrás de Manaus vem Manacapuru, como o segundo município com aumento de população de rua, segundo dados do governo.
De acordo com a coordenadora do programa “Consultório de Rua” em Manacapuru, Luciane Santos, atualmente existem 118 moradores de rua cadastrados no programa. Ela garantiu que a população nessa situação é bastante dinâmica, variando entre 200 a 150.
Manacapuru é o único município do interior do Amazonas com programas de acolhimentos e benefícios para população de rua, um motivo pelo qual muitos deles chegam em barcos de pesca, fazem cadastro para receber benefícios como Bolsa Família ou emissão de documentos e depois parte para outras cidades do estado.
Lá, são 700 moradores de rua cadastrados no “Escritório de Rua”, recebendo cursos profissionalizantes, além dos benefícios, mas desse número, alguns já foram a óbito. Segundo o governo, 90% dos moradores de rua em Manacapuru são usuários de substâncias entorpecentes.
Segundo Luciana, alguns saem de casa por briga com a família, falta de trabalho e acabam se tornando usuários de entorpecentes nas ruas. Alguns desistem da escola e os pais expulsam de casa. A maioria são homens entre 25 a 45 anos, poucos idosos e mulheres. Tínhamos duas crianças, mas já foram enviadas para abrigos.
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