Considerado um avanço para as pessoas que necessitam se deslocar de forma rápida de Manaus para as áreas metropolitanas e interior do estado, as lanchas conhecidas por “a jato” preocupam as autoridades portuárias. Além do fator velocidade e segurança, segundo informes do Batalhão Fluvial da Polícia Militar, assaltos e roubo de combustíveis por parte dos piratas, conhecidos por “Barrigas D’Água”, tem sido registrados mesmo próximo da capital.
O que antes era uma ameaça somente para as grandes embarcações, os chamados “Recreios” que faziam a rota da região do alto Solimões, na fronteira com o Peru e a Colômbia, hoje virou realidade para quem faz viagens curtas como para Manacapuru, por exemplo. De acordo com o Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma), todas as empresas que operam na Amazônia têm sofrido com a ação dos piratas dos rios, que trazem prejuízos diretos e outros indiretos tão ou mais importantes.
“Combustível não tem código de barras e é muito visado na região, mas temos prejuízos com equipamentos e com os tripulantes, que acabam deixando o trabalho. Ainda temos a questão do seguro da carga, que vem onerando muito a operação” e agora os ‘a jato’ que cruzam os rios a velocidade impressionante”, disse Oziel Mustafá, vice-presidente do Sindarma.
“O fluxo de embarcações nos rios tem aumentado e quanto maior a velocidade, maior o risco para a navegação”, explica ele. Esse tema da velocidade das lanchas “a jato” se conecta com um outro problema que é a formação continuada dos marinheiros fluviais. De acordo ele, o fator humano acaba sendo a causa de acidentes nos rios em cerca de 70% a 80% dos casos. “Daí a necessidade constante de treinamento, treinamento e treinamento para reduzir o risco e aumentar a segurança”, sugeriu.
Sobre estes dois fatores segurança e velocidade, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Naval, Náutica, Offshore e Reparos do Amazonas (Sindnaval), Irani Bertolini, destacou uma possibilidade ainda considerada impensável por quem viaja nas embarcações pela Amazônia. “Com a navegação automática via IA, o problema da segurança se resolve. Isso será o futuro”, afirmou Bertolini, sobre barcos autônomos transportando passageiros e cargas pelos rios da bacia Amazônica.
Enquanto essa realidade não chega, os passageiros continuam arriscando a vida nos “a jatos”, agora enfrentando esse novo perigo, que são os piratas.
Foto: SSP-AM