Me chamo Kátia Amorim da Silva e o que passo a contar aconteceu no ano passado, quando eu resolvi morar com meu marido. Estava grávida e decidimos trabalhar como caseiros. O lugar que fomos morar, era em um ramal no Puraquequara e ficava a uns 20 minutos longe do vizinho mais próximo.
Ia tudo bem, até que no terceiro mês que estávamos lá, o dono do sítio nos dispensou, mas disse que nós poderíamos ficar morando lá até o final da minha gestação. Eu e ele ficamos sem trabalho e as coisas começaram a ficar ruim e tudo começou a desandar: a gente brigava constantemente por besteiras.
Estávamos sem dinheiro e ele não conseguia nenhum tipo de trabalho, até que ele teve a idéia de vender brigadeiros, que eu sabia fazer. Ele saía de casa às 8 horas manhã pelos ramais e voltava quase no meio noite.
E numa dessas noites ele voltou transtornado, ficava andando de um lado pro outro dentro de casa e foi aí que eu gritei com ele pra ele parar. Ele virou pra mim e disse que ele ia me deixar em paz pra sempre; eu engoli em seco pois ele nunca havia falado naquele tom comigo, nem mesmo nas nossas piores discussões; parecia que ele tava com ódio excessivo no olho.
Eu resolvi me deitar e ele ficou ali sentado numa cadeira na área da cozinha e desligou a luz. Passados uns 10 minutos eu ouvi um gemido forte e pulei da cama, liguei a luz do quarto e deu direto a luz na cozinha e eu fiquei desesperada: O corpo do meu marido estava pendurado na corda. Não sei de onde tirei tanta força pra tirar ele dali; ele tava se debatendo todo.
Fiz respiração boca-a-boca nele e fiz ele ir voltando com a respiração lenta. Quando ele reacordou eu o abracei e comecei a chorar junto com ele . Ele tava todo desnorteado me pedindo desculpas e disse ele tinha feito aquilo porque o homem preto tinha mandado ele fazer aquilo. Eu perguntei quem era esse homem preto e ele disse que ele não sabia quem era pois usava um chapéu que cobria seu rosto mas tinha uma voz familiar; que ele o havia seguido no começo da estrada até lá perto de casa e mandou ele fazer aquilo.
De manhã saímos de lá e fomos até o Parque 10, na casa do nosso ex-patrão contar o que havia acontecido. Fomos recebidos pela filha dele, que disse que o pai dela havia se suicidado naquela casa dez anos atrás. Dissemos que havíamos falado com ele há poucos meses atrás e ela disse que era impossível. Ela mostrou a foto dele e o reconhecemos, todo vestido de preto, como quando o conhecemos.