Olá amigos. Resolvi contar pra vocês um fato assombroso que me aconteceu nessa Semana da Pátria, já que para minha mulher não posso contar e outras pessoas não iriam acreditar. Era quase meia noite quando ela fez parada. Já estava voltando para casa depois de um dia duro de trabalho e não estava pegando mais ninguém. Fiquei no Passo a Paço até meia noite de sexta-feira, quando resolvi ir embora. O cansaço e o sono me venciam. Ela estava lá , parada, ao lado do T1, lindíssima. Branca como neve, em contraste com seus cabelos negros. Não direi meu nome pois tenho medo de me prejudicar na plataforma e perder clientes, então usarei o home fictício de Carlos.
Ela fez sinal com uma da mãos – com a outra segurava o par de sapatos altos – e eu parei e baixei o vidro. “Me leva na Rua do Fuxico, no Jorge Texas”, disse ela, com uma voz cantante de sereia. Não pude dizer não e senti que ali ia rolar alguma coisa, pela maneira que ela olhava para meus braços malhados e minhas tatuagens. Minha mulher está grávida de quatro meses e está na fase dos enjôos e se nega a transar, então já viu, né? Estou mais atrasado que o ônibus O14.
Ela sentou no banco do carona e fomos embora. de repente ela pediu para eu pegar o Boulevard e passar em frente ao Cemitério São João Batista. Me disse que tinha uma fantasia de transar em cima da tumba do ex-marido dela, morto e enterrado lá, levantando o vestido preto com uma fenda generosa do lado e mostrando que estava sem calcinha. Nem pensei duas vezes: parei o carro perto do reservatório do Mocó, andamos um pouco para disfarçar e pulamos o muro.
Quando chegamos na tal sepultura, ela nem esperou eu me despir. Só fez abrir meu fecho eclér e transamos alí mesmo, em cima do jazigo do finado, que Deus o tenha. Terminamos e fomos embora. Entramos no carro e já estávamos indo pelo João Paulo quando ela pediu para encostar o carro pois queria transar de novo. Depois de outra transa louca, o cansaço me venceu, parei o carro, vesti minha roupa e, sem perceber, cochilei, com ela nua ao meu lado. Fui acordado por uma risada maligna e ao olhar para o lado vi o que realmente ela era: um pequeno ser demoníaco, do tamanho de uma boneca, me olhando com olhos negros e dentes afiados.
Pulou no meu cangote e eu tentei me desvencilhar. Ela começou a apertar meu pescoço e tentar morder minha jugular e eu, desviado da igreja evangélica, coloquei a mão na cabeça dela e gritei um “tá repreendido! Saiiiiiiiiiii”, mas sem resultado. Já estava quase entregando os pontos quando, para minha sorte, uma viatura da Rocam passava na ocasião e parou ao lado. Eu estava me debatendo sozinho quando o policial abriu a porta e me acalmou. Ele disse que me viram sozinho dentro do carro, tentando me enforcar com minhas próprias mãos; pensando que eu estava drogado, pararam a viatura.
Não contei para eles o que aconteceu, pois não acreditariam. Disse que tinha problemas de surtos psicóticos e não tinha tomado meus remédios. Eles me acompanharam até em casa e ainda hoje não sei o que aconteceu. Minha esposa disse que eu estive falando sozinho desde sábado. Ela pensa que eu fui assaltado e não quis contar para ela por causa da gravidez, mas só eu sei como está minha mente.
Carlos Rodrigues de Amorim (nome fictício).