As duas explosões aconteceram na noite de quarta-feira (13/11) nas proximidades do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, deixando uma pessoa morta. Um boletim de ocorrência da Polícia Civil do Distrito Federal identifica o homem que morreu como Francisco Wanderley Luiz. Ele próprio lançou explosivos contra o STF e deitou sobre um artefato que explodiu em seguida. Ele disputou a eleição de 2020 na cidade de Rio do Sul, em Santa Catarina, pelo Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas Wanderley Luiz não conseguiu número de votos suficientes para ser eleito vereador.
Nas urnas, ele se identificou como Tiü França. Um perfil no Facebook com esse nome, que não está mais disponível, mostrava uma foto dele dentro do STF e o texto: “Deixaram a raposa entrar no galinheiro (chiqueiro) ou não sabem o tamanho das presas ou é burrice mesmo.”
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que as explosões na Praça dos Três Poderes noite de quarta-feira (13) são uma continuidade dos ataques de 8 de janeiro e enterram articulação e expectativa de anistia para os envolvidos neles.
Bolsonaro foi o maior prejudicado
Nas palavras de um integrante da Corte, não é possível falar em anistia para um “golpe que ainda não morreu” e está incrustado em setores da sociedade – inclusive, tendo a Câmara dos Deputados como alvo (uma das explosões foi na área externa do anexo IV do prédio da Casa).
Apesar de considerada inconstitucional por juristas, a anistia vem sendo discutida no Congresso em um projeto que perdoa as condenações dos participantes dos atentados e atinge todas as medidas de restrição de direitos (como prisão e uso de tornozeleira eletrônica).
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vinha defendendo a aprovação da anistia, e contava com ela para tentar reverter a sua inelegibilidade.
Mudança de jogo
As explosões de quarta devem, ainda, frear a articulação nos bastidores para que se suavize as penas aplicadas aos envolvidos no 8 de janeiro, como querem parlamentares de extrema direita. Para alguns ministros, o ato de quarta reforça que episódio de 2023 “não foi um domingo no parque” e segue alimentando extremistas de direita – para os quais a eleição Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos funcionou como um “estímulo geral” e uma “injeção de ânimo”.
Antes de ser eleito, Trump prometeu perdoar envolvidos no ataque ao Capitólio de 6 de janeiro de 2021, após a derrota do republicano para Joe Biden na eleição de 2020.
O novo episódio deve, ainda, acelerar a conclusão do inquérito da tentativa de golpe de estado, do qual Bolsonaro é um dos alvos.
Caso vai ser investigado como terrorismo
Segundo a PF, as explosões de quarta vão ser investigadas como ato terrorista. Por isso, o inquérito aberto pela corporação vai ser tocado pela Divisão de Enfrentamento ao Terrorismo da Diretoria de Inteligência Policial.
Foram dois episódios principais: o primeiro, em um carro estacionado no Anexo IV da Câmara dos Deputados. Na sequência, outra explosão que matou um homem em frente ao STF.
O morto, Francisco Wanderley Luiz, era o proprietário do proprietário do veículo. Ele foi candidato a vereador pelo PL nas eleições municipais de 2020 e não se elegeu.
Autor atacava Lula e STF e “anunciou” atentado nas redes
Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, foi, segundo a Polícia Civil do DF, o autor das explosões ocorridas nesta quarta-feira (13) na Praça dos Três Poderes, em Brasília, próximo ao Supremo Tribunal Federal (STF). Natural de Rio do Sul, em Santa Catarina, Francisco era chaveiro e ficou conhecido como “Tiu França”.
Em 2020, ele se candidatou a vereador pelo PL, mas não foi eleito, obtendo apenas 98 votos. Francisco mantinha uma presença ativa nas redes sociais, onde compartilhava teorias conspiratórias e fazia postagens de cunho político e religioso.