A primeira edição do evento Raízes do Investimento, promovida pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas (Sedecti), em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM) e o Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM), reuniu ontem, 7, na sede da FIEAM, representantes de quatro empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM), ocasião em que se destacou a importância da ampliação do conhecimento sobre os investimentos produtivos realizados na Zona Franca de Manaus (ZFM).
Voltado à imprensa e com periodicidade bimestral, o evento explica, de forma direta e acessível, os projetos já aprovados nas reuniões do Conselho de Administração da Suframa (CAS) e do Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Codam). Segundo o secretário executivo da Sedecti, Gustavo Igrejas, muitas vezes a população desconhece a magnitude do modelo ZFM, mesmo vivendo na capital que tem a ZFM como principal base da economia.
“Estamos falando de um polo que fatura mais de US$ 40 bilhões por ano e emprega diretamente mais de 130 mil pessoas. E esse número se amplia para cerca de 600 mil empregos indiretos. Queremos dar visibilidade a isso, mostrar à sociedade o que é feito aqui, como é feito, e o impacto que isso tem para o nosso estado e para o Brasil”, afirmou Igrejas.
O vice-presidente da FIEAM, Nelson Azevedo, destacou que o evento surge em um momento oportuno e reforça a credibilidade do modelo ZFM, mesmo diante de desafios logísticos e ambientais. “Estamos vivendo um período muito positivo para a Zona Franca. Cada novo investimento é uma reafirmação da confiança das empresas no nosso modelo. Essa aproximação com a sociedade, promovida pelo Raízes do Investimento, é essencial para que todos compreendam a importância do que é produzido aqui”, afirmou.
O presidente executivo do CIEAM, Lúcio Flávio de Oliveira, ressaltou o papel das entidades de classe na defesa da indústria local e na construção de um ambiente favorável aos investimentos. “A união entre as entidades foi determinante na atuação durante a reforma tributária e permanece essencial para atrair e consolidar investimentos. Esse evento é mais uma prova de que estamos caminhando juntos em prol da nossa economia”, disse.
Durante a programação, quatro empresas apresentaram suas experiências no Amazonas: Livoltek Power do Brasil, BYD Indústria de Baterias, Granja São Pedro e Amazônia Pneus (ETOR Pneus). Cada uma compartilhou os motivos que a trouxeram à ZFM e os planos de expansão para os próximos anos.
A Livoltek, do grupo chinês Hexing, apresentou os seus investimentos na produção de inversores solares, carregadores veiculares e baterias, e demonstrou o funcionamento de um motor elétrico com rabeta vertical, desenvolvido especificamente para a realidade dos rios amazônicos. O equipamento é silencioso, movido a energia limpa e adaptado para pequenas embarcações utilizadas por ribeirinhos. “Esse projeto nasceu da observação direta da vida nas comunidades. Queremos oferecer uma alternativa que respeite o meio ambiente e facilite a mobilidade das populações ribeirinhas”, destacou o gerente de planta, Márcio Sousa.
Além do motor, a Livoltek já investiu R$ 100 milhões, desde sua instalação em 2024, gera 73 empregos diretos e prevê alcançar até R$ 300 milhões nos próximos anos. A empresa destaca como principais motivos para atuar na ZFM os incentivos fiscais, a infraestrutura técnica e a formação de mão de obra altamente qualificada no estado.
A BYD, com unidade em Manaus desde 2020, já aportou R$ 65 milhões na fabricação de baterias de fosfato de ferro-lítio voltadas para ônibus elétricos. A empresa planeja iniciar a produção de baterias do tipo Blade e barramentos soldados, com tecnologia de ponta.
Para o representante Kleber Costa, a ZFM é um modelo validado que se fortalece ainda mais com as perspectivas da reforma tributária. Estamos aqui porque acreditamos nesse ecossistema.
A Granja São Pedro, com presença na região desde 1985, é um exemplo de diversificação produtiva. Atua nos setores de alimentos, agropecuária, construção civil, genética bovina e sustentabilidade. Com mais de 1.700 empregos diretos e atuação em toda a cadeia produtiva, a empresa orgulha-se de ser 100% amazônida. “Mais de 90% dos nossos investimentos estão concentrados no Amazonas, onde valorizamos a mão de obra e as oportunidades locais”, afirmou o porta-voz Alisson Brito.
A Amazônia Pneus, ligada ao grupo Kairu, apresentou o projeto de sua nova fábrica de pneus e câmaras para bicicletas e motocicletas, com início de produção previsto para 2026. O investimento de R$ 500 milhões deve gerar cerca de 1.200 empregos diretos. Um dos diferenciais do projeto é o uso de borracha natural da floresta, fomentando uma cadeia sustentável que deve beneficiar até 4 mil famílias ribeirinhas. “Queremos retomar a produção extrativista de borracha no Amazonas, valorizando quem vive da floresta e mantendo-a em pé”, disse o gestor da empresa, André Caldeira.
O próximo encontro do Raízes do Investimento está previsto para os próximos dois meses, reunindo um novo grupo de empresas e consolidando o evento como espaço permanente de diálogo entre indústria, governo e sociedade. “Estamos dando voz ao que está sendo feito na Zona Franca de Manaus. E o mais importante: mostrando que os frutos desse investimento são de todos nós”, concluiu Igrejas.