Na terça-feira, (29) , a Justiça do Amazonas cumpriu nove mandados de prisão contra policiais militares e um perito criminal. Eles são acusados de integrar uma organização criminosa especializada em sequestro e extorsão na capital do estado.
A operação, denominada “Militia”, foi deflagradai pelo Ministério Público Estadual após meses de investigação. As apurações começaram com a análise de imagens de um sequestro ocorrido em fevereiro, no bairro Santa Etelvina. Entre os detidos estão oito policiais militares, sendo quatro deles integrantes da Força Tática da PM, e um perito criminal da Polícia Civil.
As investigações revelaram que o grupo se aproveitava de suas posições como agentes de segurança pública para abordar vítimas selecionadas. Muitas dessas vítimas tinham algum envolvimento prévio com atividades ilícitas, o que facilitava a extorsão, pois sentiam medo de serem denunciadas.
O promotor Armando Gurgel, responsável pelo caso, descreveu a alta organização dos criminosos. Eles utilizavam viaturas descaracterizadas, vestiam coletes balísticos e cobriam o rosto com balaclavas para simular abordagens policiais legítimas, configurando um esquema de sequestro.
As vítimas eram levadas para locais clandestinos, incluindo a residência de um dos policiais envolvidos, onde eram ameaçadas até que realizassem transferências bancárias ou entregassem dinheiro em espécie.
Os acusados foram identificados como:
Júlio de Almeida Lima Filho (tenente PM aposentado)
Alerson de Almeida Lima (23ª Cicom)
Marcílio B. Pantoja (Força Tática)
André Luiz Silva de Sá (Força Tática)
Aluhone C. Gouveia (Força Tática)
Augusto César V. Guimarães (Força Tática)
João Bosco de Assis Alves (Cavalaria)
Eldon Nascimento de Sousa (CPA/Sul)
M.A.F. de A. (perito da Polícia Civil)
Todos responderão por formação de organização criminosa, sequestro e extorsão qualificada. Um dos sequestros mais chocantes ocorreu em 14 de fevereiro, quando uma vítima foi retirada à força de seu veículo após o vidro ser quebrado por agentes armados. O homem ficou sequestrado por horas antes de ser liberado na mesma região.
Outro episódio envolveu um casal que foi obrigado a pagar cerca de R$ 300 mil para ser libertado. As investigações estimam que o grupo criminoso tenha movimentado aproximadamente R$ 500 mil em valores extorquidos.
A Polícia Militar do Amazonas emitiu uma nota oficial afirmando que está colaborando integralmente com as investigações. A corporação ressaltou que os agentes presos não representam os mais de 2,5 mil policiais que atuam regularmente no estado.
O coronel Klinger Araújo, porta-voz da PM, reforçou o compromisso da instituição com a legalidade e o combate a qualquer desvio de conduta. O Ministério Público continua coletando provas e depoimentos para identificar outras possíveis vítimas que ainda não tiveram coragem de denunciar. Os nove presos já passaram por audiência de custódia e permanecerão detidos enquanto o caso é investigado.