Como já era esperado em toda época de eleição, em que é vital manter a liderança, pelo menos, 9 meses antes do sufrágio, os escândalos vão aparecendo, antes na prefeitura e agora no Governo do Estado. Vajamos: o ex-gerente de hospitais e fundações do Estado, Michael Lemos, que recentemente deixou a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), detonou uma bomba ao conceder entrevista a um portal local, revelando o que descreve como “um esquema de corrupção enraizado na máquina estatal”.

“Dono do pedaço”
Segundo Lemos, nada na secretaria acontece sem a influência de um velho conhecido da política amazonense: Marcellus Campelo, atual secretário da Unidade Gestora de Projetos Especiais e também chefe da Sedurb. Mesmo sem ocupar oficialmente a SES-AM, ele seria o verdadeiro dono do pedaço. “Até hoje quem manda na secretaria de saúde é o Marcellus Campelo”, disparou Michael, afirmando que a atual secretária, Nayara Maksoud, não passa de “massa de manobra” – assim como foi Simone Papaiz, presa em 2020 na Operação Sangria da Polícia Federal, após o escândalo dos respiradores comprados em loja de vinhos.

Propinas milionárias e quadrilha instalada.
O ex-gestor foi além: detalhou um esquema milionário de propinas, onde empresários precisariam desembolsar entre 30% e 50% do valor dos contratos para conseguirem receber pagamentos atrasados do governo. Michael ainda acusou uma verdadeira “quadrilha” dentro da Secretaria da Fazenda (Sefaz), tendo o secretário Alex Del Giglio como possível responsável por cobrar porcentagens para liberar os repasses.
Segundo ele, tudo funcionaria sob o comando de Campelo, que manipularia os bastidores da saúde como um “chefe oculto” e lucra enquanto os amazonenses padecem nas filas dos hospitais.

Apareceu a Aparecida
O nome de Marcellus Campêlo não é estranho às páginas policiais. Ele próprio já foi preso na quarta fase da Operação Sangria, em 2021, acusado de irregularidades no contrato milionário do Hospital Nilton Lins, alugado pelo Estado como hospital de campanha durante a pandemia da Covid-19.
Agora, três anos depois, seu nome reaparece no centro de uma nova crise, acusado de ser o verdadeiro articulador da saúde do Amazonas – uma secretaria historicamente marcada por escândalos e investigações federais. Devido à gravidade das declarações, a denúncia de Michael Lemos pode desencadear uma nova operação da PF contra a pasta.

Wilson descarta ceder à chantagem
O governador Wilson Lima, afirmou nessa segunda-feira que “chantagens” não vão intimidar a Secretaria de Saúde (SES-AM) nem comprometer a implantação do novo modelo de gestão em hospitais da rede. A declaração foi feita durante visita ao hospital e pronto-socorro Platão Araújo, na zona leste de Manaus, onde destacou os avanços da sua administração no setor.
Segundo Lima, a saúde do Amazonas deixou de ser “refém de monopólios” e passou a contar com concorrência entre prestadores de serviços, garantindo maior eficiência e preços de mercado.