Relato enviado pelo seguidor do Maskate, Ernias Bento de Oliveira, de Novo Airão, neto da dona Maria Erotildes, que teve a experiência relatada aqui.
Uma família teve a casa invadida por um corpo luminoso de natureza desconhecida. E se enfiaram no fundo do quarto temendo o pior.
Dona Maria morava em uma casinha às margens do Rio Negro, na comunidade do Camará, em Novo Airão. A casa era bem ribeirinha, à luz de lamparinas, porque naquele tempo por ali ainda não tinha luz elétrica. Numa certa noite, ela estava sentada bem na porta da casa com seus três filhos, mais duas sobrinhas que moravam com ela, e o cachorro que não desgrudava. Estavam todos em roda proseando quando, de repente, foram iluminados por um clarão forte que fez todos correrem de espanto.
O brilho sobrenatural entrou na casa atrás deles, como se tivesse vida própria. Eles todos se trancaram desesperados no único quarto da casa e bateram a porta com força, mas o cachorro ficou do lado de fora. O pobre animal começou a arranhar a porta, chorando muito, querendo se esconder também.A luz não era só um clarão…tinha corpo. Tinha peso. Dava para ouvir os passos – pesado, estremecendo o assoalho fraco da casa. A cada passo, a madeira rangia como se fosse quebrar. Lá dentro do quarto, todos tremiam, prendendo a respiração, com medo até de dar um suspiro.
A criatura caminhava pela sala como se estivesse procurando alguma coisa. E sempre que chegava bem no meio da casa, batia com força no chão, um estrondo seco que fazia as paredes tremerem. A cada pancada, as crianças se encolhiam mais, Maria abraçava os pequenos.O tempo parecia não avançar. Aquele ser de luz continuava andando, indo e voltando, ora devagar, ora mais rápido, espionando a casa inteira.
Quando passou diante da porta do quarto, o clarão atravessou as frestas, iluminando tudo por um instante – as paredes, as redes, os rostos suados de medo. Era como se a assombração soubesse que eles estavam ali.Depois de alguns minutos que pareciam horas, a criatura seguiu para a cozinha. A luz atravessou a porta e desapareceu rumo à escuridão da mata.Só então, muito tempo depois, quando tudo ficou quieto, decidiram abrir a porta.
O cachorro entrou num pulo, apavorado, e se escondeu atrás de uns cacarecos, tremendo igual gente. Depois daquele acontecido, a família passou a dormir cedo e a trancar a casa antes do sol sumir no rio – ninguém queria arriscar ver, de novo, a criatura feita de luz.











