Me chamo Elisa Heinrich Monteiro, sou de Rio Grande do Sul, mas com a cheia que desvatou tudo que tínhamos, viemos para o Amazonas, e nos fixados na Comunidade Nova Conquista, que tem acesso por um ramal que começa no quilômetro 74 da estrada que liga Manacapuru a Novo Airão.
Estamos morando lá desde o ano passado, eu, meu marido Gunther, e nossa bebê, Sonja, de seis meses. O fato que passo a contar aconteceu antes do Natal, no dia 20 de dezembro do ano passado. Moramos em uma casa de dois cômodos, com uma árvore ao lado que chama muitos passarinhos e borboletas.
É um local tranquilo e pacífico. Uma noite, enquanto eu e meu bebê estávamos deitados na cama – meu marido tinha ido em Manacapuru comprar mantimentos -, eu ouvi um toc-toc-toc na porta com desespero. Peguei meu bebê no colo e fui para a cozinha, pensando que alguém precisava de ajuda.
Mas, ao chegar à porta de vidro da cozinha, me deparei com um serzinho estranho. Fiquei com muita medo, mas mesmo assim, fui mais para perto da porta para ver de perto.E, sim, eu vi com meus próprios olhos uma fada. Mas não era como as fadas dos desenhos, lindas e elegantes. Essa fada era feia, com um rostinho de pessoa idosa e asas fininhas. Era magrinha e parecia estar em dificuldade. Ela tinha por volta de uns 20 cm, era pequenininha!
Peguei meu bebê e saí correndo da cozinha, saindo pela porta do quarto que dava para o portão. Quando saí para a rua, vi a fada de novo, em cima do meu telhado, olhando para mim. Ela saiu correndo na direção da árvore ao lado da minha casa, pois estava com uma das asas machucadas. Eu nunca mais a vi. Mas, às vezes, fico pensando o que ela queria comigo. Será que ela estava pedindo ajuda? A árvore ao fundo do terreno da minha casa foi cortada e, desde então, os passarinhos e borboletas desapareceram. E a fada? Talvez ela tenha perdido seu lar ou sua conexão com o mundo.
Ainda me lembro dessa noite com clareza. A fada feia e velha deixou uma marca em minha memória e em minha vida. É uma lembrança inesquecível, que me faz questionar o que realmente aconteceu naquela noite. Eu me pergunto se alguém mais já viu uma coisa como aquela. Se alguém mais já teve uma experiência tão estranha e inesquecível. Eu gostaria de saber se a fada ainda está lá, se ela ainda está observando e esperando. Mas, por agora, a lembrança daquela noite é tudo o que eu tenho. E é uma lembrança que eu nunca esquecerei.