As Ilhas Caimã, o principado de Lienchstenstein, Mônaco já não mais os paraísos fiscais. Perderam feio para o Brasil, que se tornou um verdadeiro Éden para banqueiros e grandes financistas, com a atual situação das taxas de juros, que estão entre as mais altas do mundo. E quando parecia que não podia piorar mais, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, elevar a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, de 11,25% para 12,25% ao ano. O anúncio foi feito nesta quarta-feira, 11, após a última reunião do colegiado em 2024, que marca também o fim do mandato do presidente Roberto Campos Neto.
A atual taxa deixada, um presente de Campos Neto, tipo quem sair por último apaga a luz, é a forma que ele encontrou de afrontar Lula, que doente, não pode fazer nada. Lula, que foi o único que teve coragem de peitar Campos Neto, está com as mãos amarradas, deixando o espaço para o mandarim do BC, que já está limpando as gavetas, fazer esta última sacanagem.
Taxa acima do esperado
O aumento de 1 ponto percentual (p.p), maior alta dos juros desde maio de 2022 e terceira consecutiva no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) 3, veio 0,25 p.p acima do esperado pela maior parte dos economistas do mercado ouvidos pelo Terra, assim como instituições financeiras, diante da disparada do dólar e das pressões inflacionárias, com o IPCA acima do teto da meta.
A Selic é o principal instrumento do BC para assegurar a convergência da inflação para a meta, definida em 3%, podendo chegar a 4,5% por causa do intervalo de tolerância de 1,5 ponto. Basicamente, quando o Copom aumenta a taxa Selic, o objetivo é conter a inflação, reduzindo o consumo e os investimentos. Por outro lado, quando reduz a Selic, busca estimular a atividade econômica.
Pra apertar mais o canal, só chá de barbatimão
No comunicado desta quarta-feira, o Copom argumentou que o cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, dinamismo acima do esperado na atividade e maior abertura do hiato do produto, o que exige uma política monetária ainda mais contracionista.
“O Copom então decidiu realizar um ajuste de maior magnitude, elevando a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 12,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante.”, diz parte do comunicado. Para as próximas duas reuniões, diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude.
Mais magnitude, só o Megatron
“A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, afirma.
A Selic é a referência para todas as taxas de juros do mercado brasileiro, definida pelo Copom, composto pelo presidente e diretores do Banco Central. Ela é o principal instrumento de política monetária utilizada para controlar a inflação.
Quando os juros sobem, os financiamentos, empréstimos e pagamentos com cartão se tornam mais caros, o que desencoraja o consumo e, por consequência, estimula a queda na inflação. Por outro lado, se a inflação está baixa e o BC reduz os juros, isso torna os empréstimos mais baratos e incentiva o consumo.
Como a Selic é definida
O Banco Central avalia as condições da inflação, da atividade econômica, das contas públicas e o cenário externo para definir o que fazer com a Selic, sempre com o objetivo de manter a inflação dentro da meta. Essa é uma prática comum em governos e autoridades monetárias. O Federal Reserve (Fed) define os juros básicos da economia americana e o Banco Central Europeu faz o mesmo com os juros dos países da zona do euro.
Meta de inflação
O objetivo do Copom é manter a inflação brasileira dentro da chamada meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que determina a meta de três anos à frente, visando uma inflação previsível, estável e baixa, que possa ajudar a economia brasileira a crescer.