O eleitorado jovem de Manaus cresceu assustadoramente este ano, sendo a faixa preferida de Amom Mandel, o mesmo eleitorado que o levou à Câmara Municipal e à Câmara Federal, então é lógico que o marqueteiro dele sabia de antemão como agir e que público atingir.
De menino desamparado com cabelos desalinhados a imagem de Harry Potter, foi um pulo. Com apenas 23 anos, Amom voava em sua vassoura, tranquilo e calmo, contando com o voto cativo da geração Z, ou Nutella, como queiram, mas esse mote de mercado, Maria do Carmo, a vice do cap. Alberto Neto, já vem investindo a mais tempo em seu próprio business.
Velha política
O discurso óbvio era dar jebs direto na velha política, denunciando seus vícios e defendendo uma nova ordem na política baré, já que os candidatos todos já são figuras carimbadas do eleitorado local. Mas no meio do caminho tinha uma pedra, como diria o mestre Drummond de Andrade, nuvens Cumulos Nimbus na frente de sua vassoura. Uma pedra, ou nuvem, com nome, sobrenome e codinome. Com 37 anos, o também jovem Bob Cidade tem mais experiência em política e em economia, já que sua família sempre trabalhou com grandes embarcações e ele, como um Jack Sparrow em seu Pérola Negra, desde menino conta dobrões de ouro e aderna embarcações concorrentes.
Público crescente
Em 2020, Manaus registrou 13.656 eleitores na faixa de 16 e 17 anos, ou 1,03% do total. Em 2022, o número caiu para 9.677 (0,72%) e, em janeiro deste ano, subiu para 13.077 (0,91%), de acordo com o TSE.
O relacionamento dos jovens com a política tem forte relação com o “engajamento” do pleito. Eleições municipais tratam de temas a nível local, que, às vezes, não se convertem em engajamento. Por conta justamente dessa característica ‘paroquial’ das eleições municipais, as disputas são travadas entre famílias, entre lado ‘a’ e lado ‘b’. Na eleição geral, a tônica é mais social, coletiva e, naturalmente, engaja mais pessoas. Amom sabe disso…e Bob também.
Descarrilou
Sem saber o que fazer para manter o público jovem cativo, Amom caiu na armadilha e passou a agir da mesma forma que a velha política age, com insultos, indiretas e até agressões verbais, como ocorreu no debate da TV Norte. Era outro Amom, ou o verdadeiro Amom.
Ebó
Como diria mademoiselle Joana Galante, o cara quando tá de azar, cai de costas e trinca o ‘zovo’, parece que o ebó invocado pela egrégora de Sonserina ou Grifinóra pegou no menino-bruxo: sem mais idéia, Amom passou a copiar vídeos, frases e ideias de outros políticos à nível nacional, começando por Duda Salabert. Agora, copiou a laranja, que ele ofereceu a Wilker Barreto.
Em um esforço que muitos consideraram uma tentativa frustrada, foi imitar Pablo Marçal, que apareceu no debate com uma laranja na mão. Em tom irônico, Amom fez um gesto provocativo ao deputado estadual Wilker Barreto, dizendo: “Eu tenho um presente para você. No final te entrego, Wilker”.
Mais para Tampico
A referência à laranja, um termo político usado para designar candidatos de fachada, visava claramente criticar a seriedade de Barreto em relação às questões discutidas. A provocação não caiu bem entre os internautas jovens – justamente o público dele – que rapidamente notaram a semelhança com a recente imitação de Marçal e expressaram seu descontentamento com a falta de originalidade e a carga de desrespeito na atitude de Amom.
Wilker Barreto não deixou a provocação sem resposta: “Amom, não estou aqui para lacrar na internet. Ao invés disso, você deveria defender a população e não só em ano de eleição”, disparou, durante o direito de resposta concedido pela organização do debate. Só um milagre ou um novo marqueteiro podem impedir a queda livre do menino-bruxo, que já entrou em parafuso.
Du Carmo
Uma nova concorrente entrou no jogo, e concorrente de peso. Maria do Carmo Seffair, que não tem de jovial só o sorriso, mas também a forma como lida com os jovens. Incensada por ex-alunos da Fametro, e pelos atuais, nas visitas aos bairros da Zona Leste, principalmente, os jovens são os que mais participam e com perguntas sempre direcionadas à ela.
Como o público de dezesseis anos e mais é recorde nesta eleição, Deu Carmo pode, e é, uma pedra no sapato de quem já dava a eleição como ganha. Em todos os eventos que participa, Alberto Neto faz questão de mostrá-la como uma parceira para administrar Manaus, e não como vice.