A história mais conhecida no Curari, sem dúvida, é a da menina que foi devorada pelo jacaré-açu, cujos restos mortais nunca foram encontrados. Quem conhece o Careiro da Várzea evita passar pela Ilha do Curari, famosa pelas piranhas, os banzeiros súbitos e assassinos e, agora, a assombração, que já foi vista por pescadores e até por passageiros de um barco de recreio.
Tudo começou quando Analice, filha da pescadora Silvia Santos, conhecida como Dona Doca, saiu com a mãe para para pegar um tucunaré de currico. “As duas saíram para pegar um tucunaré para fazer uma moqueca, coisa comum entre os moradores daqui e nunca mais tinha aparecido nem jacaré-tinga por aqui, quanto mais açu”, contou Mario Alvarenga, 47, ao repórter do Maskate que foi lá conferir a história, in loco.
Segundo ele relatou, do nada, o açuzão deu uma rabada que virou a canoa, jogando mãe e filha nas águas. “Mesmo sendo boas nadadoras, não deu tempo da menina chegar até a canoa emborcada e foi mordida pelo jacaré, que dando voltas sobre si mesmo, para quebrar os braços da menina, mergulhou nas águas e desapareceu”.
Pessoas que viram a cena, pegaram os rabetas e socorreram Dona Doca, mas a menina não voltou. Vários pescadores ficaram de tocaia esperando o jacaré boiar para comer. O tempo passou até que ele apareceu. “Nós o matamos a paulada e tiro de dezesseis e o trouxemos para a beira, mas quando abrimos a barriga dele, a menina não estava dentro”, contou sêo Afrânio, pai de Analice.
O mistério é que todos viram quando ele abocanhou o braço da pequena e mergulhou com ela. Passados uns dois meses – isso foi em janeiro deste ano de 2024 – à noite, vários pescadores viram uma menina montada em um jacaré-açu com olhos de fogo passeando pelos entornos da ilha. A menina não tem um dos braços e os olhos são só dois buracos, mas comanda o jacaré-açu como se estivesse montando um cavalo.
Vários irmãos de uma igreja pentecostal foram lá mas voltaram com medo. Mario Jorge de Oliveira, 54, conhecido como Irmão Mario-Mochila, por ter uma corcunda nas costas, varão acostumado a lidar com o sobrenatural nas vigílias do pastor Rui, no campo do Sesi, e da pastora Luciana, foi um desses. “Fui com vários ‘vasos’ lá, irmãos do estreito mesmo, varões acostumados a pelejar com o cão, mas aquilo lá é coisa do Maioral, não é coisa de demônio orelha-seca não”, disse ele.
Não se sabe o que. O que se sabe é que essa assombração aparece nas noites de luar, por volta das meia noite, inclusive assustando até as ariranhas, muito comuns no local, mas que foram embora para o Careiro Castanho depois que isso tudo começou.