Os minutos finais do Miss Amazonas 2015 foram mais marcantes que o próprio concurso. Insatisfeita com o resultado, a segunda colocada, Sheislane Hayalla, tomou uma atitude que repercutiu mundialmente: arrancou a coroa da vencedora, Carol Toledo. Passados 10 anos, as duas contam a Splash como avaliam o episódio.
O que aconteceu
O episódio que marcou o Miss Amazonas e a vida de Sheislane Hayalla completa 10 anos nesta quinta-feira (30). Apesar do tempo passado desde então, a então segundo lugar no concurso diz que arrancou a coroa da colega como um ato de protesto.
Hayalla diz que ouvia nos bastidores sobre uma possível irregularidade do concurso de Miss Amazonas. Na época, ela vinha de uma experiência como miss Brasil no Miss Globo Internacional 2014, que aconteceu em Baku, no Azerbaijão.
” Em todo lugar que eu ia, me diziam que já tinha uma pessoa certa para ganhar. Eu falava: ‘não, a pessoa não vai fazer isso’. Por mais que a gente saiba que acontece até em concursos da política, tudo tem um esquema. As pessoas conseguem mentir até para bolsa de estudos”.
Ela diz que se inscreveu após insistência de amigos e que chegou a conversar com o coordenador do concurso para sair, mas prosseguiu. “É um sonho, muitas mães investem dinheiro que não têm. Ele me disse que não aconteceria nada de errado”.
Hayalla conta que, no dia, ninguém poderia levar maquiador ou ter ajuda para se arrumar, com exceção da campeä. “Era um camarim apertado, sem espelho, tivemos que nos maquiar no escuro. Se olhar o vídeo, está todo mundo feia, eu estou feia. Mas a menina colocada para ganhar tinha um camarim só para ela”, diz.
Caroline Toledo, vencedora do concurso, contesta a afirmação e nega que tenha sido favorecida com camarim exclusivo. Em conversa com Splash, ela diz que todas as candidatas tinham autorização para contar com suas próprias equipes e algumas até levavam fotógrafos pessoais.
Hayalla conta que, no dia, ninguém poderia levar maquiador ou ter ajuda para se arrumar, com exceção da campeä. “Era um camarim apertado, sem espelho, tivemos que nos maquiar no escuro. Se olhar o vídeo, está todo mundo feia, eu estou feia. Mas a menina colocada para ganhar tinha um camarim só para ela”, diz.
Caroline Toledo, vencedora do concurso, contesta a afirmação e nega que tenha sido favorecida com camarim exclusivo. Em conversa com Splash, ela diz que todas as candidatas tinham autorização para contar com suas próprias equipes e algumas até levavam fotógrafos pessoais.
A miss recorda todo o processo do concurso e afirma que sua dedicação pode ter gerado inveja nas concorrentes. “Me dediquei intensamente com minha equipe para o Miss Amazonas, e acredito que essa dedicação acabou gerando algum incômodo”.
A antiga organização do evento não cuida mais do Miss Amazonas. Procurada, a pessoa responsável não quis comentar o caso de 2015.
Beleza x compensação financeira
Passados 10 anos, Sheislane Hayalla afirma que não retirou a coroa de Caroline Toledo por se achar mais bonita ou merecedora. “Beleza muda de cabeça para cabeça. O que eu fiz foi um ato de protesto para que as pessoas parassem de acreditar naquele tipo de concurso”, diz, acrescentando que preferia nem se classificar.
“Eu torcia para não ser nem classificada, eu não queria ficar naquela situação de constrangimento. Aí aconteceu o que aconteceu. Quando anunciaram ela como vencedora, eu falei para uma das meninas: ‘Vou fazer um ato de protesto contra o que está acontecendo no concurso. Ela ficou: ‘como assim?’. E aí fui lá. Arranquei a coroa dela, puxei e joguei no chão como ato de protesto e falei que ela não merecia a coroa. “
A jovem diz que foi aclamada com palmas de todo o público e parte das candidatas. A exceção foi a familia da vencedora e outras candidatas que estavam em estado de choque, como é possível ver nos videos que viralizaram. Como retaliação imediata, ela perdeu a direito de representar o Amazonas na franquia Miss Terra.
“O maior simbolo de um concurso de beleza é uma coroa. O ato de pegar a coroa e jogar no chão era mostrar que aquilo não valla, que não foi uma coisa [bem] julgada. Eu não sabia que teria a aceitação do público, porque as pessoas aplaudiram. Eles tentaram regravar a coroação (sem mim), mas as pessoas gritavam. Foi uma confusão, eu não esperava. Até hoje sou apaixonada por concursos de beleza, eles estão se superando, tem meninas cada vez mais inteligentes nas respostas. Dez anos depois, as candidatas são muito evoluídas, mudou muita coisa. A idade, a inclusão de mães, de mulheres casadas. “
O caso foi parar na justiça
Toda situação foi parar na Justiça, e Hayalla teve que fazer uma retratação após acordo em audiência realizada em Manaus no mesmo ano.
“Optei por processá-la devido ao ato e às falas injuriosas relacionadas ao ocorrido. Durante essa oportunidade, ela se retratou e pediu desculpas pelo que aconteceu. Desde então, seguimos caminhos diferentes e não mantemos nenhum tipo de contato”, conta Carolina Toledo.
Hayalla diz que não tem nada contra a colega do concurso e que até hoje sofre ataques pelo episódio. “[Ainda hoje, quando postam tem os que] vêm fazer comentários dizendo que eu sou invejosa, que não merecia [a coroa], nem tinha educação. Eu recebi muita coisa ruim, ameaças absurdas, até de morte. Mas nada disso me abalou”.
“Em momento nenhum eu tive nada contra essa menina. Tanto que quando eu tiro a coroa, eu não queria machucar a miss, parece que pegou um pouco o cabelo dela. Nunca foi com a intenção de agredir alguém, sou contra isso. Não tenho nada contra ela. A gente não se conhecia também, só de ouvir falar dela mesmo, mas não era uma pessoa que sentei numa mesa para tomar um café. ” Sheislane Hayalla.
O pós-concurso
Quem acha que as candidatas lucraram com o ocorrido, se enganam:
“Financeiramente eu não colhi nada. Tudo o que eu tenho é do meu trabalho, de domingo a domingo. Tanto que, hoje, poucas pessoas sabem quem eu sou. Naquela época, apareci na TV e fiz alguns trabalhos. Apareci na televisão da França e até fui sou. Naquela época, apareci na TV e fiz alguns trabalhos. Apareci na televisão da França e até fui reconhecida lá”, afirma Hayalla.
Sheislane Hayalla em ensaio realizado na Itália; ela ainda faz trabalhos esporádicos como modelo
* A miss conseguiu até um convite para participar de A Fazenda, mas não deu certo.
“Fiz entrevista e tudo, mas meu nome vazou e eu acabei cortada. Já fiz teste para o BBB, e sempre acontece alguma coisa que eu não entro. Hoje eu não participaria de reality, as pessoas não estão muito abertas para escutar algumas coisas. Eu seria cancelada”.
* Carol Toledo disputou o Miss Brasil em novembro daquele ano, sem conseguir classificação para seu estado. Na volta para Manaus, ela seguiu cumprindo agenda em eventos e atuando como influenciadora, além de terminar a faculdade de direito. “Era minha prioridade na época”, diz.
* Hoje, além de empresária, ela está concluindo sua segunda
graduação, agora em psicologia: “É a minha verdadeira paixão. Além disso, empreendi e sou proprietária do Studio Zaiah, um coworking voltado para a área da beleza. Me sinto realizada, feliz e profundamente grata por tudo, incluindo minha vida profissional e pessoal, ao lado do meu marido e familia”.
“Participar de concursos foi uma experiência marcante e enriquecedora, que trouxe aprendizados e abriu muitas portas na minha vida. No entanto, foi um ciclo que, com o tempo, se encerrou. Hoje. minha trajetória segue por caminhos diferentes, focados em outras paixões e realizações pessoais e profissionais. (…) Meu maior legado foi mostrar que a verdadeira essência de uma miss está na educação, na elegância e na forma como nos posicionamos diante de qualquer circunstância. Esses valores são muito mais valiosos do que qualquer coroa. “
Novo trabalho
Hayalla tentou carreira de atriz no Rio, como já estava nos seus planos no momento do Miss Amazonas. “Sofri muito. Na minha primeira peça de teatro eu fui humilhada, passei por coisas que ninguém deveria passar. As pessoas não têm noção. Comecei a trabalhar como atriz e em produção. Comecei a estudar sobre isso”.
Hoje, Sheislane é gestora de carreiras e também produtora executiva, profissão na qual se encontrou atrás das câmeras. “Sou apaixonada por cinema e audiovisual. Hoje, tenho cinco filmes assinados como produtora executiva. O mais recente está na Max”, diz ela sobre o filme “O Faixa Preta – A Verdadeira História de Fernando Tererê”.
“O que eu fiz naquele concurso foi lutar. Lutei não só por mim, mas por todas aquelas meninas que estavam ali e não tinham coragem de se expressar. Acho que as pessoas têm que ter essa gana de lutar pelo que querem. Do concurso em si, eu lutei por mim e por elas para que as coisas mudassem. Espero que as candidatas não esqueçam isso, elas têm que falar. Não tem que se calar diante de coisas que elas acham erradas. ” Sheislane Hayalla, produtora executiva e 2º lugar no Miss Amazonas 2015
Fonte: UOL