A competitividade da economia brasileira está diretamente ligada à qualidade do ensino oferecido às novas gerações. É o que afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI e diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi, anfitrião do Seminário Internacional SESI de Educação, que reuniu ontem educadores do Serviço Social da Indústria, especialistas e lideranças no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CIBC), em Brasília (DF). “A produtividade do trabalho está associada a uma educação moderna e transformadora”, diz.
De acordo com Lucchesi, o SESI tem investido em uma abordagem integral, que considera todas as dimensões do estudante, promovendo um ensino que prepara para os desafios do futuro. Para o gestor, o sistema educacional brasileiro precisa se adaptar ao cenário digital e às novas demandas do mundo do trabalho. Ele mencionou que a evasão escolar é um dos grandes desafios do país e que modelos inovadores, como a educação adaptativa, podem contribuir para um aprendizado mais eficiente e inclusivo. “Não podemos perder nenhuma criança no processo educacional. Um sistema digital, moderno e adaptável pode garantir que os estudantes tenham um ensino personalizado e eficaz”, explica.
O diretor-superintendente do Departamento Nacional do SESI destacou o papel da tecnologia na educação e como ferramentas digitais podem auxiliar os professores na construção de metodologias mais eficientes. “O SESI tem sido pioneiro em iniciativas que integram inovação ao ensino, como o uso da robótica educacional para estimular a resolução de problemas e o aprendizado ativo dos estudantes”, cita.

Impacto das emoções no aprendizado
No encontro, o painel sobre neurociência trouxe reflexões profundas sobre a influência das emoções no aprendizado e contou com a participação de especialistas como Hector Ruiz Martin, da Universidad Autónoma de Madrid (Espanha), para quem são muito importantes a motivação e o envolvimento emocional na assimilação de conhecimento. Ele avalia que as emoções não apenas influenciam a memória, mas também direcionam o comportamento dos alunos, tornando a motivação um fator essencial no processo de ensino.
O especialista Guilherme Brockington, da Rede D’Or de Pesquisa, menciona a conexão entre neurociência e filosofia, e como a regulação emocional impacta diretamente a aprendizagem. O controle das emoções, segundo ele, é uma habilidade desenvolvida ao longo da vida e que educadores têm um papel crucial na formação desse equilíbrio emocional nos estudantes.
Renato Nogueira, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), também percebe a relação entre emoções, relações sociais e aprendizado, enfatizando que a educação deve ir além da simples transmissão de conhecimento, promovendo um ambiente escolar acolhedor e estimulante. A moderadora do painel, Ana Luísa Amaral, especialista em educação do Departamento Nacional do SESI, reforça a necessidade de aproximar as descobertas científicas da realidade escolar, garantindo que avanços da neurociência sejam incorporados às práticas pedagógicas.
Presente no evento, a superintendente do SESI Amazonas, Rosana Vasconcelos, concorda sobre a importância do afeto e das emoções no processo educacional. “Isso só potencializou aquilo que já debatemos muito no regional do Amazonas. É essencial que educadores, equipe técnica e gestores estejam preparados para trabalhar essas emoções, pois elas influenciam diretamente na motivação dos estudantes”, argumenta.
Rosana considera que a escola passa por um momento de transformação, indo além da formação acadêmica para cuidar da saúde emocional dos alunos e fortalecer a relação entre escola e família. “A educação integral precisa preparar as crianças para o futuro, considerando também o bem-estar e a participação da família nesse processo”, declara.
Convivência escolar e clima educacional
A convivência escolar e seu impacto no aprendizado também ganhou atenção no seminário, com os painelistas Adriano Moro, da Fundação Carlos Chagas, Bia Ferraz, do Programa Socioemocional Lekto, Ana Zuanazzi, pesquisadora do Instituto Ayrton Senna, e Kátia Marangon, Centro SESI de Formação em Educação, como moderadora.
Moro enfatiza que um clima escolar positivo é fundamental para fortalecer o engajamento dos estudantes e a qualidade do aprendizado. “Uma escola que promove relações saudáveis e um ambiente seguro cria um senso de pertencimento e motivação nos alunos, o que impacta diretamente no desempenho acadêmico”, pontua.