O governo brasileiro assume, nesta sexta-feira (1º), a presidência rotativa do G20, principal fórum para cooperação econômica internacional e que reúne as maiores economias do mundo. Paralelamente, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) passa a comandar o fórum de engajamento mais influente do grupo, o Business 20, ou B20. Na prática, isso quer dizer que a indústria do Brasil terá, nos próximos 12 meses, um papel estratégico na construção de recomendações de políticas e prioridades que influenciem o G20 na agenda de interesse do setor produtivo.
Assim como no G20, a presidência do B20 é rotativa, e a CNI, que representa o setor privado brasileiro no fórum desde 2010, ocupará a função até dezembro de 2024 – quando passará a cadeira para a África do Sul. O lançamento do B20 Brasil, Inception Event, será no dia 29 de janeiro de 2024, no Rio de Janeiro, com previsão de reunir representantes de governos e entidades empresariais.
Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, essa é uma oportunidade inédita para a indústria brasileira demonstrar liderança e soluções inovadoras de impacto global.
“Alinhamos o processo com as prioridades do G20 e estamos preparados para representar assertivamente os interesses da comunidade empresarial global. O B20 Brasil é um fórum no qual nos engajaremos, concentrando esforços em áreas como inclusão social, combate à fome, transição energética e desenvolvimento sustentável, diz Alban.
O que é o B20?
O B20 é o fórum de diálogo mundial que conecta a comunidade empresarial aos governos do G20, mobilizando quase mil representantes do setor privado dos países membros, com a missão de construir e propor recomendações relevantes para o setor privado de forma que influencie o processo de tomada de decisões nas pautas prioritárias nos países do G20. Todo ano, o grupo trabalha em propostas para serem entregues antes da cúpula do G20, de forma que haja tempo suficiente para a análise do material que auxilia os líderes globais.
Além do B20, o G20 conta com grupos de engajamento como o Women20 (W20), que aborda questões de equidade de gênero; o Labour20 (L20), de trabalho; o Science20, de academias de ciências; e o Youth20 (Y20), de juventude.
Como funcionará o B20 Brasil?
O B20 Brasil é composto pelo chair Dan Ioschpe, presidente do Conselho de Administração da Ioschpe-Maxion, que tem o papel de liderar o grupo empresarial, definindo as principais diretrizes e representando o B20 na comunidade internacional; pela sherpa Constanza Negri, gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, que coordenará os trabalhos do secretariado e apoiará o chair e a liderança empresarial nas funções-chave no secretariado do B20.
“Assumir a liderança como chair do B20 Brasil é uma responsabilidade de grande magnitude. Minha missão é estruturar um processo que una líderes empresariais dos países do G20 para formular recomendações que reflitam os desafios e oportunidades atuais. As expectativas são altas para que o B20 Brasil desenvolva recomendações inovadoras e que gerem impacto. Esperamos que essas discussões fomentem a cooperação internacional no enfrentamento dos principais desafios globais, contribuindo para um crescimento global sustentável e inclusivo”, afirma o chair Dan Ioschpe.
Há, ainda, o Conselho Consultivo, que será composto por 15 líderes empresariais brasileiros – de diferentes setores – que auxiliam o chair do B20, com aconselhamento estratégico e defesa junto a autoridades. Esse colegiado será presidido pelo presidente da CNI, Ricardo Alban. Já o International Business Advocacy Caucus reúne líderes empresariais dos países do G20, que serão embaixadores e buscarão dar visibilidade e legitimidade ao B20.
As recomendações do B20 aos países do G20 serão elaboradas pelas sete forças-tarefas e pelo conselho de ação que completam a estrutura do fórum empresarial. Esses grupos se reunirão mensalmente, de forma virtual, para discutir temas relevantes mundialmente. O objetivo é entregar, no fim de 2024, as recomendações de políticas concretas para influenciar a agenda do G20, na cúpula geral.
Confira quais são e quem lidera as forças-tarefas e o conselho de ação do B20 Brasil:
- Comércio e Investimento: Francisco G. Neto – CEO da Embraer
- Emprego e Educação: Walter Shalka – CEO da Suzano
- Transição Energética e Clima: Ricardo Mussa – CEO da Raízen
- Transformação Digital: Fernando Rizzo – CEO da Tupy
- Finanças e Infraestrutura: Luciana A. Ribeiro – Fundadora da EB Capital
- Integridade e Compliance: Claudia Sender – Membro do Conselho da Embraer e da Gerdau
- Sistemas Alimentares Sustentáveis e Agricultura: Gilberto Tomazoni – CEO da JBS
- Conselho de ação Mulheres, Diversidade e Inclusão em Negócios: Paula Bellízia – sócia e presidente de pagamentos globais da Ebanx
Todos os trabalhos do B20 Brasil serão orientados pelo tema do fórum em 2024 e pelos pilares definidos a partir dele.
O que é o G20?
O G20 é um fórum internacional composto pelas principais economias desenvolvidas e em desenvolvimento do mundo. Com presidência anual e rotativa, tem como membros permanentes África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e o bloco da União Europeia. Além disso, alguns países podem ser convidados a participar das cúpulas anuais e das discussões que ocorrem nos encontros.
O objetivo do grupo, formado em 1999, é aproximar países com economias desenvolvidas ou em processo de desenvolvimento para alinhar ações nas principais temáticas econômicas globais relacionadas ao mercado financeiro, comércio, investimento e desenvolvimento econômico sustentável. Juntos, os membros do G20 representaram 87% do PIB global, 62% da população mundial, e mais de 75% do comércio internacional em 2022, de acordo com dados do Banco Mundial.
Qual a relevância do G20?
O G20 tem uma liderança global significativa. Nas últimas duas décadas, o bloco desempenhou um papel crucial na coordenação de respostas a crises globais, como a estabilização dos mercados financeiros e o lançamento de um estímulo econômico global para enfrentar a crise financeira de 2008. Além disso, assumiu a liderança na luta global contra a pandemia, com um estímulo fiscal de mais de US$ 5 trilhões para minimizar as perdas de emprego e renda resultantes da pandemia de coronavírus.
O grupo também desempenha um papel importante para o setor industrial brasileiro. No comércio de bens industriais, em 2022, o G20 representou 67% das exportações brasileiras (US$ 121,5 bi) e 83,8% das importações (US$ 203,1 bi) de bens da indústria de transformação.