Paulo Onça foi assassinado duas vezes. A primeira, com o golpe físico que lhe tirou a vida, literalmente na porrada, paulatinamente. A segunda, com o golpe simbólico da Justiça que lhe negou justiça. Uma sociedade que se permite isso está doente – e pior -, anestesiada.

O retrato de um cotidiano adoecido
Vivemos um tempo em que a vida vale menos que um post, e o ódio vale mais que a razão. A cada dia, acumulamos corpos e manchetes, enquanto perdemos a capacidade de nos indignar. A banalização da barbárie virou linguagem corrente, e o silêncio institucional, sua gramática.

O poder que acoberta e o sistema que perpetua
O assassino de Paulo Onça foi blindado por tentáculos que se estendem das polícias aos tribunais. Pendurar a impunidade em filigranas jurídicas é o expediente dos cínicos. E nesse teatro jurídico, o artista foi mais uma vítima da elite violenta, aquela que mata e silencia.

A paz como rebeldia
Em um mundo tomado por trincheiras, a paz é um ato de rebeldia. Não essa paz fingida de discursos protocolares, mas a paz construída na rua, na praça, no diálogo, no acolhimento radical. A paz que pede política pública, arte e afeto.

Bicampeão do Carnaval Carioca com samba de enredo
Paulo Onça era música e floresta. Era palavra e presença. A sua morte não será esquecida – porque faremos dela um manifesto. Um manifesto contra a barbárie e por uma Amazônia que viva, acolha e se harmonize. Não em silêncio, mas em canto, mesmo com a escuridão. Olha o grito de guerra da Escola de Samba da Grande Rio!!!!

Dedicatória
Coluna dedicada aos confrades de Paulo Onça: desembargadores Flávio Pascarelli, Jomar Jr e Yedo Simões. Todos parceiros de composição musical ou de copo da vítima de ASSASSINATO.
NINGUÉM MERECE
- Não é a primeira vez que fatos desse tipo acontecem, o tempo passa e nada é definido pela Justiça.
- E é só o que a viúva e familiares pedem: Justiça. Nada de vingança e retaliações; somente, e tão somente, Justiça.
- A barbárie no trânsito de Manaus já se tornou lugar comum; uma simples freada é motivo de brigas e, muitas vezes, tragédia, como esta. Não é um problema só das autoridades, mas de toda a sociedade civil, como um todo.
- Com o clamor da imprensa, políticos e artistas de renome nacional, como Zeca Pagodinho, espera-se que a morte da Onça, como era chamado, não caia no esquecimento.
- A lei é igual para todos, diz a Constituição. Portanto, independente de quem sejam os autores, ou autor da morte de Paulo Onça, a Justiça tem, e deve, ser feita.