A Operação Ícaro revelou um esquema de corrupção bilionário na Secretaria da Fazenda de São Paulo (Sefaz-SP), liderado pelo auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto. Ele é acusado de receber mais de R$ 1 bilhão em propinas para agilizar ressarcimentos de créditos de ICMS-ST para grandes varejistas. O ponto de partida da investigação foi o salto patrimonial da mãe de Artur, a professora aposentada de 73 anos Kimio Mizukami da Silva. Seu patrimônio, que era de R$ 46 milhões em 2022, atingiu R$ 2 bilhões em 2024. A empresa de consultoria tributária em nome dela, a Smart Tax, é considerada uma fachada para lavagem de dinheiro, pois não tinha funcionários, operava no endereço de Artur e teve como única cliente a Fast Shop.
A negociação das propinas era feita através da Smart Tax. E-mails e documentos apreendidos mostraram a participação de outras pessoas no esquema, como o auditor aposentado Alberto Toshio Murakami e as contadoras Fátima Regina Rizzardi e Maria Hermínia de Jesus Santa Clara, que ajudavam a elaborar os pedidos de ressarcimento. Além de Artur, a polícia prendeu o auditor Marcelo de Almeida Gouveia, que estava com R$ 330 mil em dinheiro e R$ 2 milhões em moedas digitais. Outros suspeitos, como o empresário Celso Éder Gonzaga de Araújo, que ajudaria na lavagem de dinheiro, também foram investigados.
A operação resultou na apreensão de R$ 1,8 milhão em dinheiro, além de pedras preciosas, moedas digitais e outros bens. O Ministério Público continua a investigar para determinar se outros auditores e empresas estão envolvidos no esquema. A quebra do sigilo bancário e fiscal da Smart Tax foi crucial para desvendar a fraude e a origem do patrimônio da professora aposentada. A Sefaz-SP também revisará seus procedimentos internos para evitar novas corrupções.