“No cenário macroeconômico, o ano de 2025 foi marcado por desafios econômicos no Brasil, principalmente pela desaceleração do crescimento e por um ambiente de juros e inflação elevados. Mas, no Amazonas, o PIM teve desempenho satisfatório, superando obstáculos ao longo do período”. A avaliação é do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), Antonio Silva, que estima faturamento do Polo Industrial de Manaus em torno de US$ 41 bilhões, superando em cerca de 9% o resultado de 2024. Em moeda nacional, o faturamento ultrapassa R$ 227 bilhões, representando crescimento de 11% em relação ao ano anterior.
Silva assinala que o crescimento acumulado da economia até setembro atingiu 2,4% comparado ao mesmo período de 2024, porém a variação trimestral evidenciou uma desaceleração: caiu de 1,5% no primeiro trimestre para 0,3% no segundo, chegando a apenas 0,1% no terceiro.
A inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), foi projetada em 4,40% pelo mercado financeiro, enquanto a taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) também conhecida como “taxa básica de juros do Brasil”, manteve-se em torno de 15% ao ano. E a estimativa de crescimento anual do PIB (Produto Interno Bruto) ficou entre 2,2% e 2,25%, conforme projeções do mercado e do governo.
O risco-país, indicador da percepção internacional sobre o Brasil como destino de investimentos, teve redução significativa: passou de aproximadamente 214 pontos no início do ano para 145 pontos em julho, o menor valor do período.
Estimativa de crescimento
De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, a maioria dos subsetores industriais tem estimativa de crescimento expressivo: o setor relojoeiro deve crescer 28% (R$ 1,802 bilhões), Duas Rodas 24,72% (R$ 45,390 bilhões), Mecânico 20,87% (R$ 20,854 bilhões), Metalúrgico 15,36% (R$ 18,022 bilhões) e Químico 12% (R$ 22,469 bilhões).
Os subsetores Eletroeletrônico e Informática tiveram estimativa de crescimento mais modesta, de 3,07% e 0,54%, respectivamente, mas o setor de Informática é o maior em faturamento (R$ 47,500 bilhões), seguido pelo Eletroeletrônico, o terceiro (R$ 38,25 bilhões).
O emprego no PIM manteve-se em projeção estável, com crescimento estimado em 0,05% em relação a 2024, totalizando cerca de 130.417 vagas diretas. As exportações estão estimadas em US$ 675,356 milhões, representando crescimento de 8,91% em relação ao ano anterior. As importações devem totalizar US$ 15,119 bilhões, um aumento de 6,52%.
O valor agregado à produção interna é considerável, com US$ 26 bilhões em partes, peças, mão de obra e serviços. Essa dinâmica fortaleceu o mercado interno, gerou empregos e demandou insumos nacionais, contribuindo positivamente para a Balança de Pagamentos e substituição de importações.
A Zona Franca de Manaus (ZFM), apesar do baixo volume de exportações, mostrou grande potencial para substituir importações de produtos acabados, que sem benefícios fiscais seriam adquiridos do exterior. Outro ponto relevante é a alta arrecadação de impostos federais, estaduais e municipais proporcionada pelo modelo ZFM.
Expectativas e desafios para 2026
Antonio Silva aponta perspectivas otimistas para o setor em 2026, atribuindo confiança na determinação e criatividade dos empresários amazonenses e brasileiros. “Apesar das rápidas mudanças tecnológicas e econômicas e da concorrência global, o modelo ZFM e seu polo industrial permanecem competitivos, embora haja necessidade de mais investimentos públicos e privados em infraestrutura de transporte e logística”, observa.
Além dos desafios de infraestrutura, persistem embates com opositores do modelo exitoso, que contribui para o desenvolvimento econômico sem agressão ao ecossistema do maior estado brasileiro em extensão territorial.
Silva cita que a recuperação da BR-319 e os investimentos em infraestrutura continuam sendo temas prioritários nas agendas dos órgãos de desenvolvimento dos governos federal e estadual, classe política, entidades patronais e laborais, que defendem o progresso e o bem-estar do povo amazônico.
Bioeconomia para o desenvolvimento sustentável
A bioeconomia desponta como oportunidade singular para o desenvolvimento do Amazonas e de toda a região da Amazônia Ocidental. Diversos produtos de alto valor e aceitação — cosméticos, rações, combustíveis, couros, vacinas, vitaminas, corantes, fármacos, biomedicamentos, entre outros — podem levar o estado e a região amazônica a superar a carência de investimentos em infraestrutura, educação e tecnologia, alcançando o status de região desenvolvida em uma geração.
O trabalho coletivo será fundamental para construir estratégias que elevem a excelência em educação, fomentem investimentos em equipamentos e treinamento da mão de obra e promovam parcerias para o desenvolvimento por meio de pesquisas, tornando o estado competitivo mesmo sem depender de incentivos fiscais.
Silva reforça que o foco permanece na busca por soluções para os gargalos de infraestrutura logística do estado, com disposição para discutir alternativas e formar parcerias que possam sanar ou minimizar esses desafios. “A FIEAM continuará atuando para impulsionar o desenvolvimento industrial, defendendo os interesses da classe produtora local e nacional”, assegura o presidente da instituição.
Impactos do “tarifaço” dos EUA no país
O governo dos Estados Unidos, sob Donald Trump, impôs tarifas elevadas sobre produtos brasileiros, resultando em queda significativa nas exportações, perda de competitividade no mercado americano e ameaça de prejuízos bilionários para setores estratégicos como agronegócio e indústria.
As tarifas adicionais, entre 40% e 50%, tornaram os produtos brasileiros menos competitivos frente aos concorrentes não taxados. No Brasil, o efeito foi mais localizado e menor do que o esperado no cálculo geral do PIB, mas estima-se uma perda de cerca de 140 mil empregos em diferentes setores.
Em novembro, após negociações diplomáticas, os Estados Unidos retiraram as tarifas de vários produtos brasileiros, o que reduziu parte das tensões. No entanto, diversos produtos industriais e agropecuários continuaram sujeitos às taxas. A situação gerou incerteza comercial e danos reais aos exportadores, que buscaram mercados alternativos e acabaram conquistando novos destinos para seus produtos, o que foi positivo em médio prazo.











