Após um 2024 marcado por desafios, o setor de máquinas e implementos agrícolas inicia 2025 com sinais claros de recuperação. Dados do primeiro quadrimestre mostram um avanço significativo: o faturamento do setor já supera os números do mesmo período do ano anterior, impulsionado por quatro meses consecutivos de alta nas vendas. O desempenho positivo também reflete na geração de empregos, com mais de 119 mil trabalhadores ocupados — crescimento de 2,4% no ano.
A 30ª edição da Agrishow, a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, reforçou o otimismo. O evento movimentou R$ 14,6 bilhões em intenções de negócios, aumento de 7% em relação ao ano passado. O resultado é um termômetro claro da disposição dos produtores — pequenos, médios e grandes — em investir na modernização e adoção de novas tecnologias no campo.
Apesar do cenário promissor, o setor alerta: a manutenção desse ritmo de crescimento depende diretamente das condições de crédito rural a serem estabelecidas no próximo Plano Safra. Sem financiamento adequado, boa parte das intenções de compra pode não se concretizar.
O crédito rural tem sido, historicamente, uma peça-chave para a modernização da agricultura brasileira. É ele que permite ao produtor investir em máquinas e tecnologias capazes de elevar a produtividade, reduzir custos e promover práticas mais sustentáveis. Esse mecanismo beneficia tanto o agronegócio empresarial quanto a agricultura familiar, que hoje ocupa papel relevante no mercado de máquinas.
Contudo, a alta dos juros tem freado a tomada de crédito, mesmo com a demanda aquecida. Muitos produtores têm adiado investimentos por falta de condições financeiras, o que afeta diretamente toda a cadeia produtiva — da indústria à geração de empregos e arrecadação tributária.
Para o setor, é urgente que o governo federal lance um Plano Safra com recursos suficientes, linhas de crédito específicas para renovação de frota e modernização tecnológica, e taxas de juros compatíveis com a realidade do campo. A expectativa é de crescimento de 8,2% no faturamento deste ano em relação a 2024, mas esse avanço dependerá da atuação firme das autoridades responsáveis pela política agrícola.
A indústria de máquinas agrícolas afirma estar pronta para atender à demanda — oferecendo soluções que vão da agricultura familiar aos grandes empreendimentos rurais. O que falta, segundo o setor, é o “combustível” necessário para manter essa engrenagem girando: crédito rural forte, acessível e eficaz.
O agro brasileiro não para. E a decisão, agora, está nas mãos do governo.