Senadores vêm ao Amazonas investigar ação da PF
Uma comitiva de senadores que fazem parte da Comissão de Direitos Humanos (CDH) irá aos municípios de Humaitá e Manicoré, no Amazonas, para investigar denúncias de violações de direitos durante operação da Polícia Federal no combate ao garimpo ilegal. A iniciativa é do senador Plínio Valério (PSDB-AM) e ainda não tem data definida.
O requerimento (REQ 107/2025 – CDH) destaca que a ação, realizada na última segunda-feira (15), resultou na explosão e queima de balsas usadas por trabalhadores ribeirinhos. O documento aponta que a medida foi conduzida de forma “desproporcional”, atingindo embarcações de extrativismo mineral familiar, além de provocar riscos à segurança da população e danos ambientais pelo derramamento de combustíveis no rio Madeira.
Notas de repúdio e recurso judicial

O texto menciona notas de repúdio emitidas pela Diocese de Humaitá, pela Prefeitura e pela Câmara de Manicoré. Também cita o recurso da Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM) ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), pedindo a suspensão do uso de explosivos em operações semelhantes.
A presidente da CDH, senadora Damares Alves (Republicanos–DF), reforçou a necessidade de investigar o episódio: “A gente sabe que o garimpo ilegal tem que ser enfrentado, mas faltou tato da Polícia Federal, delicadeza e cuidado com as crianças na cidade. Pessoas poderiam ter saído machucadas. O objetivo é ir para entender o que aconteceu”.
Impacto em festa religiosa

Damares lembrou que nem todos os garimpeiros da região atuam de forma irregular e que a operação ocorreu durante uma celebração religiosa, ampliando os impactos na comunidade:
“Ficou tão claro que as balsas poderiam ter sido conduzidas para outro lugar. Mas, durante uma celebração religiosa, a liberdade foi ferida. Vamos observar todos os direitos violados para que isso não se repita”.
Próximos passos

O pedido aprovado prevê que o Senado cobre informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública, incluindo: cadeia de comando da operação; objetivos da ação; resultados obtidos e medidas para garantir a proteção da população ribeirinha.
Destruição em massa

A Polícia Federal, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) lideram uma força-tarefa contra a mineração ilegal na bacia dos rios Jutaí, Bóia e Igarapé Preto, no município de Jutaí, no interior do Amazonas. As ações iniciaram no dia 22 e devem seguir até o dia 30 deste mês.
A operação Kampô já destruiu 16 dragas utilizadas na extração ilegal de ouro e apreendeu milhares de litros de combustível, além de embarcações, motores e equipamentos eletrônicos. As equipes também confiscaram frascos de mercúrio, substância tóxica amplamente usada pelos garimpeiros, e coletaram documentos que devem auxiliar na identificação dos responsáveis pelas atividades criminosas.
Animais silvestres soltos

As ações miram diretamente a destruição das estruturas ilegais que vinham provocando severos danos ambientais, como o assoreamento da calha do rio Jutaí, o despejo de rejeitos contaminados e a ameaça à vida das populações tradicionais da região. Durante a operação, o ICMBio resgatou e devolveu à natureza animais silvestres encontrados com os garimpeiros, entre eles 4 tracajás, 2 tartarugas centenárias e um exemplar de iaçá, todos classificados como espécies ameaçadas de extinção.
A ofensiva conta com o apoio da Coordenação de Aviação Operacional (CAOP) e do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI-Amazônia), que reúne forças de segurança dos nove estados da Amazônia Legal e de oito países que compartilham a floresta em seus territórios.