A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, desembarcou em Manaus na manhã desta segunda-feira (21) com escolta da Polícia Federal. O voo saiu de Brasília e chamou atenção pela presença de uma agente da PF acompanhando a ministra de perto.

A escolta faz parte de um novo esquema de segurança criado pelo governo federal no fim de 2023. Desde então, a Polícia Federal passou a cuidar da proteção de autoridades, como ministros, o presidente e o vice-presidente. O trabalho é feito junto com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e inclui a proteção durante viagens e eventos públicos.
Segurança reforçada

A presença de segurança reforçada acontece em um momento de pressão política. Marina vem sendo criticada por deputados e lideranças da região Norte por causa da demora na liberação da obra de pavimentação da BR-319 — rodovia que liga Manaus a Porto Velho. A estrada é considerada importante para o transporte e a economia local.
Segundo fontes do governo, há preocupação com a segurança da ministra, especialmente em locais onde há forte cobrança por obras e resistência à pauta ambiental. Por isso, a escolta foi acionada.
Congresso de Educação Ambiental

A visita de Marina também faz parte dos preparativos para o Congresso Internacional de Educação Ambiental, que será realizado em Manaus em 2025. O evento deve reunir especialistas de vários países para discutir temas como preservação da Amazônia, desenvolvimento sustentável e infraestrutura. A BR-319 deve ser um dos assuntos principais.
O uso de escolta policial mostra que o governo está atento aos riscos e busca garantir a segurança da ministra em meio a um cenário político mais tenso na região.
Afrouxamento dos cuidados ambientais

A última grande polêmica dela foi sobre a aprovação do chamado “PL da Devastação”, que ela vê como “um tiro no pé” do agronegócio o projeto de lei que estabelece novas regras de licenciamento ambiental. O texto aprovado no plenário da Câmara dos Deputados, prevê a criação de novos tipos de licenças, diminui prazos de análises e simplifica adesões.
“Se você afrouxa o licenciamento, você vai impedir que a gente continue reduzindo o desmatamento, vai aumentar incêndios, vai aumentar emissão de CO2, vai afetar toda parte do sistema hidrológico do nosso país com prejuízos enormes, principalmente para o agronegócio brasileiro”, disse a ministra na noite de quarta-feira (16), pouco antes da aprovação do projeto de lei.
Tiro no pé do agronegócio

“É um verdadeiro tiro no pé esse tipo de afrouxamento dos cuidados ambientais em um país que é altamente sensível como o Brasil, que depende do equilíbrio climático para poder ser uma potência agrícola. Nós só somos uma potência agrícola porque somos uma potência ambiental”, complementou. Marina Silva participou da solenidade de comemoração dos 25 anos do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). A cerimônia foi realizada no Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. No evento, ela apontou prejuízos ao desenvolvimento econômico do país e a acordos comerciais, como os da União Europeia com o Mercosul.