Cinco mil dos 30 mil soldados das Forças Armadas (Exército, Aeronáutica e Marinha) a serem mobilizados nas fronteiras amazônicas já estão em treinamento de guerra na serra do Tucano, no município de Bomfim, em Roraima, fronteira com a cidade guianense de Lethem. O exercício militar na região, batizado de operação Atlas, se estenderá até novembro, segundo anunciou, na semana passada, o Ministério da Defesa.

Movimentação intensa em Roraima
A região da serra do Tucano é opção de passagem por terra das tropas da Venezuela para uma possível invasão ao território da Guiana.
“A movimentação de militares está intensa em Boa Vista, capital de Roraima, sede da operação. Inclusive, há substancial incremento da ocupação hoteleira”, disse uma fonte militar.

Relações tensionadas
Guiana e Venezuela estão com suas relações diplomáticas tensionadas desde que o presidente Nicolás Maduro declarou incorporada, unilateralmente, uma área de 160 mil quilômetros quadrados do oeste do rio Essequibo ao território venezuelano.
A disputa dessa área entre as duas nações é centenária, mas se acirrou a partir do momento que a Guiana passou a explorar petróleo na costa marítima em disputa, por meio da ExxonMobil e Chevron (norte-americanas) e CNOOC (chinesa).
A operação Atlas vai atingir as fronteiras do Amazonas com a Venezuela e Colômbia; de Roraima, com Venezuela e Guiana; do Pará, com o Suriname; e do Amapá com a Guiana Francesa. Dessas, a mais preocupante é a com a Venezuela e a Colômbia.

Forças americanas no Caribe
Com a Venezuela, porque o conflito do governo de Maduro com a Guiana, ex-colônia inglesa, recrudesceu e envolveu os Estados Unidos, por conta da presença das suas megapetroleiras que atuam na costa atlântica em litígio.
Os Estados Unidos, que consideram a Venezuela um narcoestado, inclusive estão com equipamentos de guerra na base da Costa Rica e nas proximidades da costa venezuelana. Maduro, por sua vez, mantém suas forças armadas e milhares de milicianos em estado de alerta.

Operação Atlas
A operação Atlas ampliada sinaliza que o Brasil está preparado para defender suas fronteiras diante de possível desestabilização na geopolítica da região. Desde 2015, milhares de venezuelanos atravessaram para o Brasil através de Pacaraima e Boa Vista, em Roraima, em razão da crise econômica, política e social que aflige o governo Maduro.
A fronteira amazônica brasileira também é pressionada pelo tráfico internacional de drogas, principalmente a partir da Colômbia e do Peru, países produtores, hoje sob influência de organizações criminosas como PCC e Comando Vermelho.