Se há dois agentes extremamente democráticos em Manaus e que não fazem acepção de pessoas é a morte e os incêndios. Pelo menos foi que se viu nesse final de semana na cidade. Parafraseando Reginaldo Rossi: no bar e no incêndio todo mundo é igual. Ou corre ou vira tição.
Antes, só os favelados das Zonas Leste e Norte e matas periféricas do Tarumã e Iranduba sofriam com as queimadas indiscriminadas, mas agora a situação mudou. Os bacanas que moram na área nobilíssima da Ponta Negra – Alphaville e Itapouranga sentiram uma quentura diferente da temperatura ambiente de 40 graus que tem castigado a cidade. Era fogo mesmo.
Noblesse Oblige
E os bacanas do residencial Alphaville e Itapouranga – pelo nome já se vê que lá só mora o crème-de-la-crème, como diria Jandira (in memoriam) tiveram que correr da sala para a cozinha. E desta vez mudou tudo em Manaus. Ao invés das flores das manhãs de setembro, a primavera trouxe as queimadas deixando cheiro de lacre queimado nos cabelos e roupas das madames.
Bombeiros despreparados
Vendo que o negócio era dos veras mesmo, os bacanas tiveram que chamar o Corpo de Bombeiros, como simples mortais, que não atendeu de imediato. Na primeira chamada mais cedo precisou vir um carro pipa particular junto.
Toma que o filho é teu
Mas os incêndios são filhos gerados em proveta, não têm pai nem é responsabilidade de ninguém. O Governo do Estado não tem capacidade de gerenciar crises e nem o Governo Federal, segundo declarações do próprio Lula em Manaus.
Recorrer à quem? As Forças Armadas não se metem, preservando o papel que a Constituição lhe reserva, de não meter o nariz em assuntos inerentes ao Executivo. Enquanto isso, Manaus, a Região Norte e todo o Brasil ardem, com o aumento da temperatura e do número de incêndios. Como fez no passado, Lula tem que apelar para o caboclo Cacique Cobra Norato, como fez em seu primeiro governo, para fazer chover no sertão e na floresta.
De mãos atadas
O povo continua de mãos atadas e apelar para que chegue logo novembro e o período de inverno amazônico comece. Enquanto isso não acontece, o jeito é esperar pelo Corpo de Bombeiros e ajuda dos vizinhos, para apagar os inúmeros incêndios que surgem do nada a cada dia em Manaus.
A vegetação seca e a temperatura elevada ajudam na disseminação dos focos de incêndio, sejam criminosos ou não. Sem opção, a saída é fazer cota e pagar para empresas de caminhões-pipas particulares fazerem o que o Governo não está fazendo. O Gabinete de Crise tão falado, até o momento não disse à que veio.