A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira (29) a Operação Linhagem, mirando uma sofisticada organização criminosa no Amazonas. A ação visa desarticular um grupo responsável por movimentar aproximadamente R$ 362 milhões em atividades ilícitas nos últimos três anos, incluindo tráfico de drogas e lavagem de capitais.
Cerca de 100 policiais federais estão envolvidos na operação, que cumpre um total de 12 mandados de prisão preventiva, 2 prisões domiciliares, 30 mandados de busca e apreensão (22 para pessoas físicas e 8 para jurídicas), além de 8 medidas cautelares diversas da prisão. As ações ocorrem nas cidades de Manaus, Presidente Figueiredo, Tabatinga e Santo Antônio do Içá. Entre as medidas adicionais, estão a suspensão do exercício de cargos públicos e o bloqueio de contas bancárias dos investigados.
Complexa rede criminosa e infiltração
As investigações da PF, conduzidas em parceria com o Núcleo de Pesquisa e Investigação da Receita Federal, revelaram que os principais alvos são membros de uma mesma família, composta por um pai, três filhos e suas esposas. Esse núcleo familiar utilizava uma estrutura empresarial de fachada, incluindo postos de gasolina e empresas de embarcação, para ocultar e lavar os vultosos lucros obtidos com o tráfico de entorpecentes. Estima-se que, somente em três anos, essa organização tenha movimentado cerca de R$ 300 milhões através dessas operações de lavagem.
Entre os investigados, há figuras com fortes indícios de envolvimento em atividades ilícitas, como dois ex-vereadores, policiais civis e um ex-servidor do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM). Essa infiltração em estruturas institucionais é um dos pontos de maior preocupação.
Os alvos principais já possuem antecedentes por tráfico de drogas e mantêm conexões com traficantes de diversas regiões do Amazonas. Para o transporte dos entorpecentes, a organização empregava helicópteros e grandes embarcações, evidenciando a robustez de sua logística.
A investigação também identificou o uso de “laranjas”, incluindo esposas e até funcionárias do lar, para movimentar os valores ilícitos. A PF apura ainda se parte desses recursos foi utilizada para financiar campanhas políticas, o que demonstraria um elevado grau de penetração da organização.
Próximos passos e penalidades
As medidas cautelares em andamento têm como objetivo principal coletar provas adicionais sobre o esquema, incluindo a procedência das drogas e a identificação de novos integrantes da rede criminosa. Se condenados, os investigados podem enfrentar penas que ultrapassam 30 anos de reclusão pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de capitais.