Boa noite, amigos, sou a Claudia Moreno, tenho 46 anos, mas isto aconteceu quando eu tinha 20 anos e morava perto do Açutuba, na Serra Baixa, numa época em que o Açutuba não tinha a fama que tem hoje e havia poucos moradores no Iranduba, como um todo.
Na hora não sei o que era, mas hoje eu sei, depois de muito pesquisar, que são elementais, seres da floresta; eu pensava que não havia isso no Amazonas, mas hoje sei que o planeta é só um para eles. Eu desenhei exatamente como me lembro, com a pose e expressão facial que ele fez quando me viu. Embora eu não seja muito boa desenhista, fiz o meu melhor para capturar os detalhes.
Era noite e eu fui com meu irmão amarrar a canoa pois ia cair temporal e o banzeiro estava muito forte. Eu o vi a não mais de 2 metros de mim, e ele parecia extremamente assustado e chocado por ter sido descoberto. Confesso que, naquela situação, eu estava ainda mais aterrorizada do que ele.
Eu estava com meu irmão de, então, 14 anos quando, de repente, vimos algo saindo de um arbusto para cruzar o caminho. Inicialmente, pensei que fosse uma mucura com o rabo para cima, porque parecia pontudo e era a explicação mais lógica (na minha mente).
No início, ele não nos notou. Mas então, quando nos aproximamos, pudemos perceber que era uma coisa andando em 2 pernas, 30 cm de altura. Perguntei ao meu irmão “Isso é uma mucura?”. Então a coisa notou nos aproximando e se virou com uma expressão facial de ser pego e assustado. Lembro-me até de ouvi-lo suspirar profundamente. Ele olhou para nós congelados e então fizemos o mesmo que ele.
Eu, meu irmão e aquele ser nos encaramos congelados por cerca de 3 segundos. Ele estava apenas movendo seus olhos humanos. Então meu irmão começou a gritar “o que é isso?!” “É uma criança?!” “É um bebê?!” o que foi muito chocante ver um bebê de 2 meses andando à meia-noite. Então, por causa dos gritos, ele saiu correndo rápido e se perdeu na mata.
Nem passou pela nossa cabeça persegui-lo porque ficamos chocados. Nós, simplesmente, voltamos para casa sem discutir o que diabos aconteceu, até o dia seguinte porque ainda estávamos com medo e não podíamos acreditar no que acabávamos de ver, já que sempre fomos céticos em relação a goblins/gnomos e duendes.
Aquele pequeno ser parecia um pequeno rosto humano adulto e corpo de bebê. Ele tinha apenas cuecas brancas que pareciam mais uma fralda feita de trapos, sem camisa e sem sapatos. Seu cabelo era como um cone afro, preto e com uma faixa branca grossa no meio (é por isso que pensei que fosse um rabo de nucura no começo). Suas expressões faciais pareciam muito caricaturais.
Também estou surpresa com o quão rápido eles podem correr, eles movem suas pernas tão rápido. Estou convencida de que eles têm medo de nós por causa do nosso tamanho em comparação com o deles. Suponho que eles só saem à noite e em zonas rurais ou áreas abertas para evitar contato humano.
O Açutuba é uma zona muito mágica por causa dessas criaturas. É muito bem conhecido pelos moradores que essas criaturas estão por toda a selva. Dizem que eles vêm do subterrâneo e que eles podem se camuflar tornando-se invisíveis, como se fossem algum tipo de energia/espírito que pode então tomar uma forma a qualquer momento que quiser. Essa é a minha experiência pessoal, e é uma imagem que nunca vou esquecer: a expressão de surpresa no rosto daquele pequeno ser e o temor que senti naquele momento.
Claudia