Dizem que a floresta do Igarapeaçu, em Novo Airão, sempre foi estranha, mas ninguém sabia ao certo quando tudo começou. Os mais velhos apenas murmuravam o nome de Vanusa, uma jovem desaparecida há mais de 30 anos, numa noite de tempestade, quando saiu para procurar o pai e jamais voltou.
Seu corpo nunca foi encontrado, e a família, tomada pela culpa, deixou a região às pressas, abandonando a casa e até roupas estendidas no varal, como se fugissem de algo invisível…e terrível.
Com o tempo, trilhas foram fechadas, casas foram engolidas pelas raízes e a floresta cresceu sobre o abandono. Mas havia sempre alguém corajoso o bastante para tentar atravessar o bosque proibido. Quase todos relatavam a mesma coisa: uma luz azulada surgindo entre as árvores, assumindo a forma de uma mulher imóvel, como se esperasse por alguém.
Ninguém conseguia enxergar seu rosto, era apenas um brilho forte demais, quase doloroso. E quanto mais se aproximavam, mais o ar ficava pesado, como se a floresta inteira prendesse a respiração. Numa noite sem lua, Lucas, um jovem curioso de Manaus, decidiu ignorar os avisos e entrar sozinho no bosque.
Levava apenas uma lanterna e a coragem de quem não acredita em lendas. Mas, após poucos minutos, sua lanterna falhou. A luz azul brotou no centro da trilha, distante apenas alguns passos, e a figura feminina estava ali, imóvel, virada em sua direção. Lucas tentou correr, mas suas pernas fraquejaram quando ouviu, vindo de todos os lados ao mesmo tempo, um sussurro fraco repetindo: “Você veio me buscar…pai?”
A luz avançou lentamente, e galhos secos se partiram sozinhos, como se uma força invisível se aproximasse junto dela. No dia seguinte, encontraram apenas a mochila de Lucas caída na entrada da trilha. Desde então, moradores afirmam que agora são dois vultos de luz vagando pela floresta, Vanusa…e Lucas, o jovem que ousou responder ao chamado do espírito que ainda procura, desesperadamente, alguém que nunca voltará.











