Me chamo Marta, moro no bairro da Glória e issoI que passo a relatar aconteceu comigo. Quando eu tinha 15 anos, eu e mais alguns amigos, fizemos o jogo do copo, que vocês devem conhecer, onde as pessoas colocam as letras do alfabeto em círculo escritas em pedacinhos de papéis, no centro desse círculo colocam um copo virado de boca para baixo, chamam um espírito, geralmente de alguém conhecido e fazem perguntas.
O copo vai se movendo pelas letras do alfabeto e escrevendo as respostas. Então, nós chamamos o espírito do avô de uma delas, que inclusive, nós havíamos conhecido muito, pois éramos vizinhos desde que nascemos. Tudo transcorreu normal. Normal até ali, porque a partir daquele dia, eu fiquei extremamente perturbada. Nos primeiros dias (1 , 2 dias ), eu até consegui dormir mas acordava várias vezes na noite com pesadelos horríveis, sempre envolvendo escuro, cemitério etc.
Teve uma dessas noites que eu dormia e acordava com o colchão se levantando nas minhas costas, como se tivesse alguém embaixo da cama empurrando. E isso não era sonho pois eu abria os olhos e continuava e dormia e acordava de novo do mesmo jeito. Numa dessas noites eu fui ao banheiro e a pia do lavatório ficava fora do banheiro. Então eu escutei abrir a torneira desse lavatório, que até rangia, porque a casa era velha e era daquelas torneiras antigas…
Então eu falei mãe…mãe..mas ninguém respondeu. Abri a porta rápido e não tinha ninguém. Quando eu cheguei no quarto minha mãe estava dormindo do mesmo jeito, na mesma posição, tudo igual quando eu saí ( dormíamos no mesmo quarto, pois meu pai já havia falecido ). Na manhã seguinte, perguntei se ela havia se levantado enquanto eu estava no banheiro e ela disse que nem acordou, que dormiu a noite toda. Bom, o que aconteceu daí pra frente foi que eu já não dormia mais…só cochilava.
Não tinha apetite. Não conseguia me concentrar nos estudos, vivia com uma sensação que até hoje não sei explicar…comecei a fazer uns desenhos estranhos de madrugada, desenhos que nem era o meu estilo de desenhar, chorava sem motivo…
Até que eu não saía mais, não queria mais ir na escola e a minha mãe questionando sobre o que estava acontecendo. Então um dia eu cheguei para ela chorando e falei que eu não aguentava mais, que estava perturbada e que eu achava que sabia o porquê… Então contei o fato sobre jogo do copo. Minha mãe, não era católica praticante, mas não gostava desses assuntos de espíritos.
Levei uma enorme de uma bronca ( com razão, é claro ) e ela chamou uma das minhas irmãs, que já era casada, para me levar em um terreiro de umbanda, onde a minha irmã já tinha ido algumas vezes atrás de um passe essas coisas. Chegando lá foi constatado que eu estava mesmo com um espírito. E o espírito que estava comigo não era um espírito obsessor, do mal, ou as coisas teriam sido muito piores. Eu estava com um espírito perdido, que não tinha aceitado o desencarne e estava vagando. Só com muitas sessões consegui me libertar.