Como acontece na Rua dos Protestantes em São Paulo, onde a Cracolândia não se extingue, muda de local, em Manaus a situação é similar. Começou na Praça dos Remédios, foi para a Boca da Onça, de lá para a Praça da Polícia e se espalhou: para a avenida Beira Rio, no Coroado e bairro Jorge Teixeira.
Protegidos pela legislação e pelos Direitos Humanos – que impede a internação forçada – eles vão permanecendo na Praça da Matriz e escadaria da Categral Metropolitana. A prefeitura tomou uma atitude e tenta resolver o problema, através das secretarias da área social.
No começo deste ano, o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Marcus Vinicius Almeida, pediu ajuda da Prefeitura de Manaus para dar assistência a usuários de drogas e evitar ‘cracolândia’ no Centro da capital.
Segundo o secretário, dezenas de usuários de drogas retirados da Boca da Onça, eram os mesmos que foram retirados da Praça dos Remédios em 2024.
“Esse pessoal que estava agora alojado aqui, eles estavam morando antes na Praça dos Remédios. Então nós fizemos uma ação muito forte lá na Praça dos Remédios e eles migraram de lá pra cá. O que prova que só a segurança pública não consegue resolver [o problema]. Se nós vamos tirar daqui, ele vão voltar para Praça dos Remédios, vão voltar para outro local”, disse o secretário, à época.
Bocas de fumo
Ele disse que para as bocas de fumo precisa de apoio da Prefeitura de Manaus. “O Estado está totalmente disponível, já conversei com a secretária da Sejusc [Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania] que sempre nos apoiou, mas tem que entrar também o município e de uma força conjunta para a gente buscar uma solução definitiva para essa questão”.
Traficantes são uma praga
Na operação, segundo o secretário, 50 traficantes de drogas foram presos no Centro de Manaus em 2024. “Esse trabalho que vem sendo realizado no Centro da Cidade não é de agora. Só no ano passado tiraram dessa região mais de 50 traficantes que foram presos e encaminhados os processos a Justiça. Neste ano a gente continua com as ações”.
Marcos Vinicius relatou que é necessário definir medidas para tentar tirar essas pessoas dos vícios das drogas. O secretário disse que não tem como colocar uma pessoa atrás das grades só pelo fato de ela ser morador de rua.
“A gente, enquanto segurança pública, só pode chegar até o ponto do tráfico de drogas. Essa questão do morador de rua é uma questão social. Não tem como a gente pegar um morador de rua que não cometeu nenhum crime e colocar atrás das grades. Essa pessoa tem que ser tratada com dignidade, buscando ver formas de tirá-lo do vício”, disse o secretário.
“Da parte da Segurança Pública o nosso dever é combater o tráfico de drogas e identificar as pessoas que possam estar envolvidas, muitas das vezes se passando aí por morador de rua, mas que, na verdade, está comercializando entorpecentes, viciando pessoas, como foi visto aí na semana passada, algo que chocou toda a sociedade”, disse o secretário.
Marcus Vinicius Almeida falou também que a sociedade precisa ajudar no combate para que o Centro de Manaus não vire uma Cracolândia como ocorre em outros estados do país, pois a Secretaria de Segurança Pública sozinha não consegue resolver o problema.
“É importante que a sociedade civil organizada apoie, é importante que os setores mais voltados aos direitos humanos também estejam juntos, porque se nós não tomarmos conta agora, neste exato momento, a gente vai propiciar que em Manaus aconteça o que já acontece com os grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro, e não é a segurança pública sozinha que vai dar conta disso”, disse Marcos Vinícius.