O livro, de 1982, tem quatro protagonistas: Tereza e Tomas, Sabina e Franz. Por força de suas escolhas ou por interferência do acaso, cada um deles experimenta, à sua maneira, o peso insustentável que baliza a vida, esse permanente exercício de reconhecer a opressão e de tentar amenizá-la.
Longe da literatura tcheca, o lançamento da candidatura de Marcos Rotta ao Senado pelo partido político do prefeito David Almeida, revela o que já se comentava à boca miúda pelas alcovas, becos e vielas dessa Manaus cheia de lixo, diferente da capital Praga do autor do romance: alguém está tocando tambor pra maluco dançar. Em outras palavras isso quer dizer que tem gente dançando debaixo do boi.

Engrossando o xibé
Nem bem começou-se a frigir os ovos, Rotta embarcou muito antes do barco desatracar do Roadway e é lançado à senador, com o aval do presidente nacional do Avante, Luís Tibé, que engrossou ainda mais o xibé, indicou o ex-vice-prefeito de Manaus a entrar na disputada ao Senado em 2026. Presentes ao encontro, David Almeida e cia ilimitada.

E o acordo acordado?
O lançamento do nome de Rotta muda a rota pré-estabelecida, já que havia um acordo de cavalheiros, ou cavaleiros templários, de uma frente única, tendo David, Omar Aziz e Duda Braga, como ponta de lanças para fazer valer o Novo Amazonas. O Negão deve estar rindo lá de cima, do carroção de sena que estava escondido na manga, mas de quem?

As aparências enganam, ou não?
O governador segue comendo pelas beiradas, como se faz com mingau de carimã quente lá em Carvoeiro, na festa de Santo Alberto, fazendo de conta que não tá nem vendo o panavueiro que está se formando bem no núcleo do projeto Novo Amazonas.
Wilson joga com as armas que tem – e que armas – o interior tá todo alagado e dinheiro tem muito em caixa, então, ele está mais preocupado em manter suas bases no interior. Aprendeu que os eleitores de Manaus são tão fiéis quando o Nezinho do Jegue, que infernizava a vida de Odorico Paraguassu, passando de aliado a inimigo, dependendo da dose ofertada.

Me engana que eu gosto
Alberto Neto já viu que não será fácil romper a tempestade que se avizinha. Pensava em sair governador, mas Bolsonaro tinha outros planos e outro nome para o governo. A saída seria correr atrás de Menezão, que é bom de voto; mas Menezão surfa na onda se Nazaré dos adversários e caminha sozinho, pois sabe que andar em más companhias não dá camisa para ninguém.

Tudo será decidido no Festival Folclórico de Parintins. Terra das chifradas
Mas, nem tudo está perdido para Omar e Duda Braga, que estão manietados pelos encargos: Omar com a CPMI do INSS e Braga com a continuação da Reforma Tributária. Resta pedir uma trégua e, como Saladino, desembainhar a cimitarra e partir para a Arena, do Boi, onde tudo termina em chifradas e, com um olho no gato e o outro no peixe, correr atrás do terreno perdido. Já Plínio, prefere ficar olhando a disputa de longe.