Não foi por falta de aviso nem boa vontade na política de negociação e entendimento. Os parlamentares do Amazonas e da Amazônia Legal foram pegos com as calças nas mãos na aprovação da reforma tributária feita a toque de caixa pela Câmara Federal. No texto, Sudeste resolveu antecipar-se à decisão do STF e voltou a aumentar a alíquota de ICMS sobre todos os produtos fabricados na Zona Franca de Manaus (ZFM).
Uma medida que não passa de retaliação antecipada às decisões que o STF sempre torna favorável à ZFM. Há meses que os governadores da Amazônia tentam uma saída, mas não conseguem, sequer, ficar frente a frente com o arrogante e insolente presidente da câmara federal, dep. Arthur Lira que só pensa no Nordeste para debater alternativas de superação do conflito.
A guerra está configurada e não será o Davi daqui, nem a boa vontade Wilson contra a canalhice histórica, que começou com a ganância de Entradas e Bandeiras e desembarcou na Guerra das Emboabas, quando os mineiros deram um chega pra lá na compulsão por saques e riquezas da canalha de São Paulo.
A zona é franca e generosa
E quem está do lado de lá agora é o resto de Brasil para implodir o nosso modelo, a mando de seu tutor político e patrocinadores empresariais, reunidos na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, na Avenida Paulista, determinaram o esvaziamento da concorrência do modelo Zona Franca. Só deixaram no texto o fundo da educação para manter a EU via Fundação Muraki.
É claro que não dava simplesmente para sacudir rumo ao retrocesso um modelo que tinha então cinco décadas de conquistas a contar, provavelmente o único projeto de intervenção federal no Norte/Nordeste que deu certo, apesar de constantes desembarques de meliantes paulistas a forjar mecanismos de corrupção e contravenção fiscal para comprometer a imagem de seriedade do modelo.
Por isso, o nosso Omar Aziz, sempre ele, tratou de ‘desfronhar’ sua adaga e cobrar a fatura de quem lhe deve tudo e mais um pouco. Lula despeito da ira, pressão e ameaças do poderoso lobby do Sudeste.
Sinistra missão
Sem folias e puxa-saquismo o Ganso (Omar para os íntimos) foi direto ao ponto e com todas cautela de um palestino segurando com cordão na mão direita e o Alcorão na esquerda com o presidente Lula.
Uma reviravolta estratégica que vale a pena exaltar, a despeito de ações marotas que a câmara não demorou para aprovar. “No senado não passa como está e tu, Lula?”. O presidente garantiu que também não sancionará pois sabe com conhecimento a mecânica institucional para cumprir com anos de atraso sua sinistra missão.
Parte interessada como todo cidadão nativo e de bom senso, sabe que a Constituição garante a exclusividade dos benefícios para a ZFM e que a tendência é de que uma nova Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra a reforma fiscal já deveria estar pronta. Isso, na verdade, acabou virando mais um argumento de retaliação, pois se há um Estado que se especializou em zombar da Lei quando estão em jogo seus interesses são os estados do Sudeste, desde que Washington Luiz resolveu mudar a Constituição para agasalhar os interesses de mercado dos barões do café.