Assim qualquer um defende. As principais ONGs que se opõem à pavimentação da rodovia BR-319, ligando Manaus a Porto Velho, já receberam juntas mais de R$ 2,4 bilhões em recursos públicos e financiamentos internacionais.
Os números foram revelados pelas prórpias ONGs durante as investigações conduzidas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a atuação de ONGs na Amazônia.
O Instituto Socioambiental (ISA), fundado em 1994, fechou 2022 com um orçamento próximo a R$ 70 milhões, conforme declarou seu diretor, Márcio Santilli, em depoimento à CPI. Segundo ele, 84% dos recursos vieram de doadores estrangeiros, e 16% de fontes nacionais. Ao longo de três décadas de atuação, o ISA teria recebido, em média, R$ 20 milhões por ano, totalizando aproximadamente R$ 600 milhões. Somente entre 2020 e 2022, o instituto arrecadou R$ 250 milhões, sendo R$ 49 milhões em 2020, R$ 106 milhões em 2021 e R$ 95 milhões no 2021.
Ainda segundo o relatório, os gastos do ISA são direcionados, em sua maior parte, para o pagamento de pessoal, consultorias e despesas administrativas, sem clareza sobre a aplicação efetiva dos recursos junto às comunidades amazônicas.
A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) informou ter arrecadado cerca de R$ 400 milhões ao longo dos seus 15 anos de atuação, oriundos de parcerias com empresas e recursos públicos.
O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) foi apontado como a ONG com maior volume de recursos recebidos: um total de R$ 780 milhões desde sua criação. O orçamento da entidade em 2022 foi de R$ 39 milhões, dos quais mais de 50% destinaram-se ao pagamento de salários e remunerações. Além disso, aproximadamente R$ 30 milhões foram consumidos com viagens, parcerias e consultorias, somando mais de 80% do orçamento com despesas internas. A aplicação de R$ 24 milhões recebidos pelo IPAM do Fundo Amazônia também seguiu o mesmo padrão, com repasses mínimos para as populações locais.
O Instituto Clima e Sociedade (ICS) arrecadou R$ 358 milhões entre 2015 e 2022, com forte crescimento nos últimos anos: de R$ 10 milhões em 2015 para R$ 100 milhões em 2022.
Já o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) recebeu, entre 2007 e 2022, um total estimado de R$ 224 milhões, sendo 57% desses recursos provenientes de financiadores internacionais.
O Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê) informou ter arrecadado R$ 110 milhões desde 2018, dos quais 49% vieram de entidades estrangeiras. O Ipê também recebeu um financiamento específico de R$ 45 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As organizações citadas estão entre as principais vozes contrárias à pavimentação da BR-319, alegando que a obra pode causar impactos ambientais significativos na região amazônica. Entretanto, os dados financeiros levantados pela CPI colocam em discussão a magnitude dos recursos que estas entidades movimentam e como são efetivamente aplicados em prol das comunidades e da conservação ambiental.
Outro lado
Todas as ONGs citadas na matéria foram acionadas pela reportagem para um posicionamento acerca dos temas envolvendo a BR-319. Até o fechamento desta matéria não obtivemos retorno sobre o assunto. O espaço permanece aberto para posicionamentos.
- Com informações do AM Atual