A assinatura do senador Fabiano Contarato (PT-ES) para a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS hoje desagradou o governo e parte da bancada petista, em “pé de guerra” sobre o tema. Parlamentares reclamam ainda da articulação do Planalto, que segue contra a instalação.
Contarato foi o primeiro petista a assinar o requerimento. Ele foi feito pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e protocolado na segunda-feira. “Assinei, entendo que essa apuração é necessária em benefício da população mais vulnerável. E todos aqueles que cometeram crimes devem pagar, independente de governo”, disse Contarato ao UOL.
O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (PT-SE), deixou o Planalto ainda mais irritado ao falar sem consultar o governo Lula (PT). Em discurso na Casa, ele condicionou o apoio à mudança do escopo da CPMI, para que a investigação não se limite a um ou outro governo.
“O PT vai assinar, sim, essa CPI”, disse Carvalho. “Para a gente colocar na cadeia quem de fato tirou dinheiro dos aposentados. Nós vamos investigar olhando na linha do tempo todos os fatos e todas as pessoas, como fizemos na CPI da Covid e na CPI do 8 de Janeiro.”
Até Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado e próximo a Lula, também indicou que pode assinar. “Eu não assino CPI por achar que isto cabe à Polícia Federal. Mas talvez eu assine essa, por acreditar que os ventos vão mudar”, disse hoje, durante sessão na Casa.
O Planalto não esconde o descontentamento e reclama que nada foi combinado com “este lado da rua”. Segundo interlocutores do governo, não houve qualquer consulta ou combinado prévio para que Contarato ou outro parlamentar aderisse à comissão.
Como o UOL adiantou, uma ala do PT já vem defendendo aderir à CPMI há algum tempo. Havia um consenso, no entanto, que as bancadas só agiriam com anuência do Planalto —agora, dizem que a “confusão” está instalada e não adianta tentar voltar atrás.