Moradores do Iranduba aproveitaram o Dia dos Finados para lembrar que Iranduba ainda está vivo e que, se depender deles, não morrerá tão cedo. O protesto é contra a instalação do novo Lixão que será construído lá. Não é só o acúmulo de catadores, ratos e aviões, que serão afetados, mas as próprias nascentes de água doce, segundo os moradores, que morrerão com a instalação do Lixão.

Ninguém consultou a comunidade
O terreno previsto para a instalação do aterro é uma área de aproximadamente 40 hectares, o equivalente a 400 mil metros quadrados, no interior de uma área particular de 225,14 hectares, denominada de Gleba Ariaú, localizada na entrada do km 19 da AM-070. A expectativa de vida útil do aterro é de 15 anos, de acordo com o projeto. No entanto, alega-se que, com o uso de novas tecnologias, poderá ser estendido por mais sete anos, chegando a 22 anos.

Novo Lixão
É no menor município do Amazonas, berço de balneários e maior produtor de hortifrutigranjeiros do Estado, responsável pelo abastecimento de parte das feiras de Manaus, que se planeja instalar o aterro sanitário para atender às necessidades da capital amazonense, a metrópole da Amazônia, e outros quatro municípios em seu entorno. Iranduba, que possui menos de 61 mil habitantes, será o fiel depositário de mais de três mil toneladas de lixo/dia. Para dar conta do recado, a previsão é a de que o aterro funcione 24 horas por dia, sete dias por semana.

Ponte da Bolívia e Tarumã
A preocupação deles não é infundada. Quando Amazonino Mendes mandou construir o atual Lixão, após a barreira, vizinha dos bairros Santa Etelvina e União da Vitória, o que se viu foi o assoreamento dos rios que desaguavam nos Balneários do Tarumã e Ponte da Bolívia, hoje transformados em lama podre e focos do mosquito da dengue.

Pega o beco!
O projeto para a construção do aterro sanitário em Iranduba, para receber todo o lixo de região com mais de 2,5 milhões de habitantes, ameaça a preservação de um dos mais importantes sítios arqueológicos da Amazônia, bem como o modo de vida tradicional das populações do entorno. O empreendimento tende a provocar graves impactos ambientais e sociais.

Ruínas do Paricatuba em perigo
No mesmo município onde se prevê aterrar o lixo do quinto maior PIB do país, está também o sítio arqueológico mais antigo já encontrado no Amazonas, o Hatahara, que remonta há mais de nove mil anos. Em todo o estado existem 395 sítios já identificados. Sem falar no Paricatuba, com suas ruínas históricas.

Lixão de Manaus
Até agora, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) conseguiu catalogar, em Iranduba, 19 sítios. Caminhando pelos ramais do município, onde corre milênios de história ainda não revelada, é corriqueiro pisar em vestígios de povos antigos. O fato é de conhecimento do Governo do Amazonas. Laudos e diagnósticos acerca da existência de sítios arqueológicos, feitos para grandes obras que pleiteiam licença de operação em Iranduba, comprovam a existência de um rico patrimônio ainda não explorado. E eles estão documentados junto ao órgão licenciador, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).











