Quem é da geração das Décadas de 60 e 70, com certeza, ouviu falar no Patrícia e da icônica figura de Alonzo, ou Alonso, que tinha fama de colocar no bolso muita mulher bonita. O espaço ficava em um prédio com um amplo salão decorado pelo artista Roberto Carreira e serviu como ponto de encontro e refúgio da comunidade LGBTQIAP+ da época.
Localizava-se na Avenida Constantino Nery, quase esquina com a Avenida Darcy Vargas, mas antes disso, a comunidade LGBTQIAP+ precisava se encontrar em lugares públicos como praças e avenidas da cidade, entre elas: Praça da Polícia, Avenida Eduardo Ribeiro, Praça da Matriz, Avenida 7 de Setembro, entre outras.
Comandado pelo boliviano Alonso Puertas, o bar Patrícia abriu as portas na década de 70, abrindo as portas de 18h às 4h30 da madrugada. O nome Patrícia foi em homenagem à sobrinha do proprietário.
No livro ‘Um Bar Chamado Patrícia’, o estilista Bosco Fonseca relata suas histórias no famoso bar.
“Ao chegar no bar, me deparei com uma casa de madeira com mesas, cadeiras e muitos homens. Achei estranho, mas na época o movimento gay era proibido, estávamos vivendo o regime militar, com o presidente Emílio Garrastazu Médici, mas antes já havia outros grupos gays que realizavam desfiles e concursos nos anos 60″, relata o estilista no livro.
Primeira Rainha Gay
Na publicação, Fonseca lembra com carinho sobre o tempo em que frequentou o bar ‘Patrícia’. Ele e seus amigos da época, Joaquim Dantas e Flavio Martins, conheceram o decorador Roberto Carreira, que era figura marcante na sociedade manauara da época.
Certo dia, eles sugeriram para Carreira que o bar sediasse o primeiro concurso de fantasias com a escolha da Rainha Gay do Carnaval, que, até o momento, era feita de maneira clandestina e, às vezes, acabava chamando a atenção dos policiais que levavam os participantes para a delegacia.
Em 1973, a cidade de Manaus recebeu o primeiro Baile Gay, que estava com todas as licenças autorizadas. O evento foi denominado ‘Noite dos Andrógenos’, sob a coordenação de Roberto Carreira. Toda a sociedade marcou presença na festa, que coroou Bosco Fonseca, também conhecido como “Arroz”, como a primeira Rainha Gay.