Dois dos três empresários detidos em flagrante com R$ 1,25 milhão em dinheiro no Aeroporto Internacional de Brasília são investigados por terem recebido parcelas do Auxílio Emergencial. Este benefício foi instituído para amparar indivíduos em situação de vulnerabilidade econômica durante a pandemia de Covid-19, o que levanta questões sobre a origem do vultoso montante encontrado com eles.
A prisão ocorreu na última terça-feira, 20 de maio, quando agentes da Polícia Federal interceptaram César de Jesus Glória Albuquerque, Erick Pinto Saraiva e Vagner Santos Moitinho. A abordagem se deu durante uma fiscalização de rotina, após o desembarque de um voo que havia partido de Manaus. O trio foi posteriormente indiciado pelo crime de lavagem de dinheiro.
Documentos do processo, revelam que César declarou ser proprietário da empresa Comercial CJ desde 2018, com um faturamento médio mensal de R$ 20 mil. Contudo, registros oficiais indicam que ele recebeu R$ 4,9 mil do Auxílio Emergencial entre maio de 2020 e outubro de 2021, período em que o benefício era destinado a trabalhadores informais, desempregados e pessoas em condição de vulnerabilidade.
César não foi o único a acessar o benefício. Erick Pinto Saraiva, também preso na operação, recebeu R$ 5,2 mil no mesmo período, embora tenha efetuado a devolução de R$ 3 mil aos cofres públicos. Vagner Santos Moitinho igualmente figura como beneficiário, mas o valor exato que ele recebeu não foi divulgado até o momento.
Questionados sobre a proveniência dos R$ 1,25 milhão, os três empresários alegaram ser proprietários de companhias que prestam serviços a diversas prefeituras, incluindo a de Manaus. Afirmaram que o montante em espécie seria proveniente de pagamentos realizados por esses órgãos públicos. Declararam ainda que estavam em Brasília para a aquisição de insumos e para efetuar pagamentos a fornecedores, com planos de seguir posteriormente para Goiás – destino que, curiosamente, não souberam especificar com precisão.
Liberação e medidas cautelares
Apesar do flagrante, a Justiça do Distrito Federal determinou a soltura dos três homens que foram surpreendidos com o montante de R$ 1.258.431 em dinheiro vivo no Aeroporto Internacional de Brasília. A decisão, proferida nesta quinta-feira (22/5), às 23h, impôs medidas cautelares aos acusados. Entre elas, a proibição de sair de Brasília e a obrigatoriedade de monitoramento por tornozeleira eletrônica por um período de três meses. Adicionalmente, eles estão impedidos de se aproximar de um evento de prefeitos, mantendo uma distância mínima de 200 metros. A Polícia Federal havia solicitado a conversão da prisão em flagrante para preventiva, mas o pedido foi negado pela Justiça.
Fonte: Metrópoles