A Polícia Federal (PF) divulgou os nomes dos principais envolvidos na Operação Linhagem, que conseguiu desmantelar uma complexa organização criminosa. O grupo era especializado em tráfico de drogas e lavagem de dinheiro no Amazonas, movimentando mais de R$ 362 milhões nos últimos três anos. A ação mobilizou uma força-tarefa de 100 agentes.
Entre os alvos da operação, destacam-se figuras públicas e membros de uma mesma família que operavam em conjunto no esquema. Radson Alves de Souza, ex-vereador de Tonantins e candidato a prefeito pelo MDB em 2020, foi um dos presos. Ele é acusado de participação ativa ao lado de sua esposa, Emile Gomes Lasmar, que supostamente ajudava na movimentação de valores ilícitos.
Outro nome de relevo é o do ex-vereador Rodolfo Ferreira de Magalhães, que, juntamente com seu filho, Ricardo Gouveia Magalhães, utilizava empresas de embarcações como fachada para lavar o dinheiro proveniente do tráfico. A investigação também apontou o envolvimento de dois policiais civis, Antonio Pereira Bentes Filho e Eder Silva de Oliveira, suspeitos de facilitar as operações criminosas.
O coração da organização familiar contava com Edson Francisco Alves de Souza, conhecido como “Bigode” ou “Pequeno” e irmão do ex-vereador Radson. Edson atuava como intermediário do tráfico, com o auxílio de sua esposa, Suziane Gomes Fermin, no gerenciamento das transações ilegais. O pai de Edson, Vivaldo Gonçalves de Souza, também integrava o esquema, sendo responsável por movimentar valores entre as empresas de fachada.
A operação revelou o uso extensivo de “laranjas” para ocultar as transações ilícitas, incluindo nomes como Fabricio Marques Queiroz, Josekson da Silva e Taciane Nascimento de Oliveira, que trabalhava como secretária. Adriana dos Santos Figueiredo, namorada de Ricardo Magalhães e proprietária da empresa Torneadora Manauara, no bairro Cidade de Deus, também está entre os investigados.
Os métodos de lavagem de dinheiro incluíam a utilização de postos de combustíveis e empresas de embarcações, além do controle de contas bancárias de “laranjas”. A PF investiga, ainda, a possibilidade de que parte dos recursos tenha sido usada para financiar campanhas políticas, evidenciando um sofisticado grau de infiltração da organização. Para o transporte de entorpecentes pelo Amazonas, a quadrilha utilizava helicópteros e grandes embarcações.
Com a conclusão desta fase da operação, os investigados agora respondem pelos crimes de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e associação criminosa, podendo enfrentar penas superiores a 30 anos de prisão se condenados. A Polícia Federal continua empenhada em identificar outros possíveis integrantes da rede criminosa. As ações da Operação Linhagem foram concentradas em Manaus, Presidente Figueiredo, Tabatinga e Santo Antônio do Içá, reforçando o combate a uma das maiores organizações criminosas na região Norte do país.