Adenor Leonardo Bachi, 61, estreou na Seleção em setembro de 2016, com uma impressionante vitória sobre o Equador, em Quito, por 3 a 0, pelas Eliminatórias. Desde então, são 76 jogos à frente do time, com 57 vitórias, 14 empates e apenas cinco derrotas (três delas para a Argentina.
Se formos considerar apenas o ciclo pós-Rússia, foram 50 jogos, com 38 vitórias, nove empates e três derrotas. Mais impressionante, o time anotou 111 gols e sofreu apenas 19 — no total, foram 33 jogos sem ser vazado e apenas seis partidas em que não anotou um gol.
Os números ajudam a entender como ele conseguiu algo raro na história do futebol brasileiro: ser mantido no comando da Seleção de um Mundial para o outro, algo que só havia acontecido antes com Zagallo, após o título em 1970.
Como ele conseguiu isso?
Sendo um técnico em busca de constante evolução para sua equipe, em vez de se acomodar com o acúmulo de resultados positivos. A rapidez de seus jogadores é fundamental nesse sentido. A Seleção hoje é um time que estabeleceu seu jogo pelas pontas, dando mais espaço para Neymar flutuar pelo campo.
Ao mesmo tempo, a equipe usa essa agilidade para marcar bastante no setor ofensivo, pressionando os adversários a partir do momento que perde a posse de bola. Todos se engajam em movimentos para tentar “vedar” o campo. É uma combinação de talento e de um sistema que procura envolver esses talentos da maneira mais providencial.
Tudo isso é essencial na chegada à Copa do Mundo, mas, quando os jogadores falam sobre o “professor” – como os técnicos costumam ser chamados carinhosamente no país –, algo que vem à tona é o aspecto humano.
Fred
“Ele é um grande treinador, todos sabem da capacidade dele e, de verdade, sou muito honrado de ter trabalhado com ele por todos esses anos e ter tido essa experiência ao seu lado. É um cara que admiro muito, mesmo, não só por ter me convocado, ainda que seja grato por ter visto o que faço [risos]. Mas pelo treinador que ele é.
O que mais aprendi com ele está ligado ao seu toque humano por causa da pessoa que ele é, um cara muito do bem, que trata do goleiro até o roupeiro da mesma forma, muito atencioso. E, principalmente, alguém que nós amamos ter perto por causa dessa alegria dele como pessoa. Obviamente, queria que ele ficasse muito mais tempo na Seleção, mas ciclos acontecem, começam e se encerram, então, espero que ele possa fechar esse período com o título da Copa do Mundo.”
Bruno Guimarães
“Eu tenho uma foto com ele que viralizou bastante. Na época, eu estava na base do Audax e ele já era um cara que estava ganhando tudo com o Corinthians, então, pedi para tirar uma foto com ele. Por essa passagem, você pode ver um pouco da minha admiração pela pessoa, pelo treinador que ele é. É um cara muito inteligente, que carrega muitos conceitos. Muitos treinadores com que trabalhei na Europa não têm esses conceitos que ele tem.
Mas eu lembro de uma vez no pré-Olímpico em 2020, quando eu tinha sondagem do Atlético de Madrid e já tinha dado minha palavra para o Juninho [Pernambucano, então diretor do Lyon]. Na época, o próprio Juninho ligou para o Tite, falando que eu tinha dado a minha palavra para eles e que sabia que tinha outros times me cobiçando. E o Tite, quando foi assistir um jogo nosso, bateu no meu peito assim e falou: ‘O que você tem aqui eu honro para a minha vida: palavra. Você tem palavra, você é homem.’
Então, aquilo me marcou bastante, é um cara realmente de palavra. Se ele fala alguma coisa, ele vai cumprir. Nos encontramos recentemente em Newcastle e levei ele para o meu lugar favorito [churrascaria Rio]. Ele se amarrou nas carnes, gostou bastante. Pessoal todo ficou feliz para caramba, foi um bate papo legal, conversamos sobre futebol, momento de tudo, as coisas da carreira. Foi uma troca bacana e acho que ele curtiu muito a carne [risos].”
Raphinha
“Eu primeiro tenho de agradecer, por ter sido o primeiro a me dar a oportunidade de estar aqui na Seleção e no Qatar. Sem ele não seria possível. Mas, além disso, ele se tornou um cara muito importante por aqui, não só pelo que me passa na Seleção, mas para o que levo para os meus clubes. Ele me passou muita confiança, me deu as ferramentas que eu precisava para me manter o mais confiante possível.”
Richarlison
“O Tite é como um pai para nós. Ele sempre nos tratou bem. Criou um clima de acolhimento na Seleção. E ele é daqueles que, na hora de elogiar, elogia, mas, na hora de cobrar, também cobra. Nós aprendemos muito com ele. Dá para falar de ter coragem, sabedoria, obediência tática. Querendo ou não, é a última Copa dele, e vamos fazer de tudo para que ele possa sair feliz no final.”