Transplante de quentinha e coxinhas
O Éden definitivamente não é aqui, diziam as enfermeiras do Hospital 28 de Agosto e do João Lúcio onde os Acompanhantes de pacientes que não estão mais recebendo alimentação por parte da direção dos prontos socorros, acharam uma maneira de resolver o problema: comprar comida de vendedores ambulantes ou levar lanche escondido para comer durante as madrugadas. Até aí tudo bem, pois a fome dói.
Mas, diante das filas de interessados em comprar comida, um comércio frenético de vendedores foi se formando. Evangélicas em sua maioria, as enfermeiras e servidores se acharam no direito de disputar o freguês com os ambulantes do lado de fora das clínicas. É que não estão mais sendo fornecidas refeições aos acompanhantes de pacientes em procedimentos ambulatoriais como quimioterapia, hemodiálise, leito dia e outros (consultas, diálise peritoneal, etc). Isso acontece também com os funcionários, que também não recebem mais comida.
Pela norma
As refeições são distribuídas aos acompanhantes exclusivamente nos horários de desjejum, das 7h às 8h; almoço das 11h30 às 13h e jantar das 17h30 às 19h. Somente acompanhantes que estiverem presentes no leito do paciente, no momento da distribuição, receberão a refeição. O problema é que a empresa fornecedora parou o serviço por falta de pagamento.
A entrada de comida contraria orientações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que proíbe a prática em hospitais, casas de saúde, prontos-socorros e ambulatórios públicos ou particulares. É que “a manipulação inadequada de alimentos pode haver contaminação, o que prejudicará o paciente, além de propiciar o aparecimento de insetos e roedores nos quartos se inadequadamente descartado”. Na área federal não é permitida a entrada de alimentos e bebidas no Hospital, bem como, é proibido transportar alimentos preparados no Hospital para fora. Em casos excepcionais, a entrada de alimentos poderá ser autorizada pelo nutricionista.
Praça de Alimentação ao lado da UTI
Descobrindo uma nova forma de negócio, no 28 de Agosto, pequenos empreendedores da informalidade estão lá, todos os dias, felizes, nas enfermarias vendendo alimentos, disputando o pouco espaço com doentes, acompanhantes, enfermeiros e médicos. São geladinhos, sanduíches e salgados. No João Lúcio, as próprias enfermeiras levam sanduíches para vender aos acompanhantes ao preço de R$ 10. A fornecedora de alimentos para o 28 de Agosto alega que não recebe há três meses, não tendo como manter o fornecimento. Enfermeiros que pediram para não serem identificados, disseram que isso ocorre como forma de pressão para a empresa sair e entrar uma empresa de um amigo de “alguém de cima”, um ex-secretário de Saúde, que ainda continua mandando no pedaço. O atual, segundo as fontes, se contenta em ser o “rei Charles”, ser secretário de direito, mas não de fato.
A Portaria-SEI nº 390/2022 (22490814) diz que o fornecimento de refeições para acompanhantes ficará restrito a pacientes que se enquadrem nos seguintes critérios: mulheres em trabalho de pré-parto, parto e pós-parto imediato, idosos (pessoas com idade igual ou superior a 60 anos), crianças e adolescentes (pessoas com idade até 18 anos incompletos) e pessoas com Deficiência (PcD).
Foto Montagem: Maskate News