Meu nome é Erick Nunes e o que vou relatar é um caso verídico. Apesar de inúmeros relatos de diversas pessoas em inúmeros locais espalhados pelo mundo sobre o avistamento de criaturas bizarras, ainda existe quem não acredita, dizendo que isso não passa de imaginação. Seria mesmo?
Meus tios e primos moravam no Lami, uma área no extremo sul de Porto Alegre. Na verdade é mais para Viamão, no Rio Grande do Sul do que para a capital. Meu tio, já falecido, tinha um pequeno “boteco”. Naquela região, e naquela época, o vizinho mais próximo ficava a mais de um quilometro de distância.
O pasto e árvores centenárias predominavam na paisagem e para
atender a região, haviam dois ônibus na parte da manhã, e mais dois no inicio da noite.
Naquela época existiam rumores de que um bicho muito grande, com corpo de homem e cabeça de animal, havia sido visto nas proximidades, e diziam que ele atacava tanto os animais quanto as pessoas. Várias pessoas diziam terem sido atacadas por este monstro, e escapado por muita sorte. Outros juravam ter perdido um ou dois bois para a criatura.
Minha tia, muito cética, dedicada aos filhos, não gostava de dar atenção a estas “invenções do povo”, conforme dizia. Porém, certo dia suas descrenças foram postas à prova: Estava ela e um de meus primos retornando a sua casa, de ônibus, já na escuridão da noite, quando em uma determinada parte do trajeto, alguma coisa muito grande saiu do mato e bateu na lateral direita do coletivo, e voltou para o mato. A batida fez com que o motorista perdesse o controle, e freasse bruscamente, parando parcialmente dentro de uma vala.
Apesar do susto, não houve feridos, mas as pessoas se assustaram muito com aquele acontecimento.O motorista se irritou muito, e saiu do ônibus resmungando e xingando, indo verificar o estrago e ao mesmo tempo chamar ajuda. Por estarem no escuro, e ainda muito longe de casa, todos ficaram em seus lugares.
Poucos minutos após a saída do motorista, todos ouviram um grunhido estranho, o qual não poderia ser de algum animal ou ser humano, segundo as testemunhas contaram.
Com isso as pessoas entraram em pânico, e começaram a se aglomerar bem junto à cadeira do cobrador.
O silêncio tomou conta das pessoas. Todos ficaram atentos a todo o som externo, quando sem aviso, uma nova batida foi dada na mesma lateral do ônibus.
Todos se levantaram, e correram para o lado contrário. Algumas pessoas começaram a chorar e rezar, sendo que uma senhora ficou descontrolada, e minha tia, com muito medo permaneceu protegendo seu filho.
Neste instante o ônibus começou a ser violentamente sacudido, como algo ou alguma coisa estivesse chacoalhando o veículo de um lado para o outro.
O pavor ia crescendo à medida que o ônibus balançava. Parecia que seria tombado a qualquer momento. Observando através das janelas, podia-se ver um vulto grande do lado de fora, mas não dava para saber o que era aquilo..
Sem o menor aviso tudo parou, e o que quer que fosse que estava provocando aquilo, começou à se dirigir para a frente do ônibus, onde a porta estava aberta. Nesse momento um pavor tão grande tomou conta da minha tia, que ela queria morrer e não ver o que os atacava. Antes mesmo de a criatura entrar no ônibus, foi possível sentir um cheiro terrível, de algo pôdre, insuportável.
Todos fugiram para o fundo do ônibus e se encolheram em um canto, o que os fez parecer como uma única e disforme massa de gente amontoada.
Quem teve coragem de olhar, jura ter visto um grande homem nu, de pele escura, com uma enorme cabeça alongada, cheia de protuberâncias e olhos negros, o qual correu até a roleta (catraca) e parou. Ficou alguns segundos forçando e bufando raivosamente, para em seguida dar as costas, descer do ônibus e desaparecer no mato.
O choro desenfreado tomou conta das pessoas. Todos estavam em choque, totalmente apavorados. O cobrador pulou a roleta e correu para fechar a porta do coletivo. Alguns longos minutos se passaram, quando um outro ônibus encostou ao lado deste. Um outro motorista, que foi chamado para socorrer o carro estragado, foi informado do ocorrido, e saiu para encontrar o primeiro motorista que ainda não tinha retornado. Por sorte, estava andando no acostamento da estrada, retornando do local que ligou para a empresa de ônibus.
A Brigada Militar foi acionada, vieram ambulâncias, peritos, rádio e televisão.
O caso foi repercutido por alguns meses, havendo até matérias de jornal e entrevistas com as vítimas.
Grupos de busca procuraram rastros da criatura, mas nunca foram encontrados. Várias teses foram formuladas sobre o que teria atacado o ônibus. Mas nada comprovado.
Fora alguns animais mortos, o que foi atribuído à criatura, nada mais ocorreu. Nos dias de hoje aquela região está povoada e bem diferente da época em que ocorreram os fatos, deixando o mistério da criatura que atacou o ônibus perdida e sem explicação para o desconforto e desasossêgo das pessoas que presenciaram aquele fato tão perturbador e apavorante.