A startup Karú Amazon Food, que produz alimentos com base na culinária regional, tendo como diferencial pitadas de inovação da bioeconomia, levou o fundador da empresa e CEO Glauco Francesco Souza Luzeiro a conquistar o prêmio de “Microindustrial do Ano 2025”, concedido pela Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), que será entregue no dia 23, às 19h30, no SESI Clube do Trabalhador.
O empreendedor destaca que o negócio parte da valorização do mercado regional e da gastronomia amazonense, com a rica variedade da principal matéria-prima, o pescado, além da possibilidade de inserir tecnologia para o seu amplo aproveitamento. Esse processo industrial inovador aproveita tudo do pescado para a produção de patês, nuggets e conservas, explica Luzeiro, que junto com o sócio Luís Fabian Barbosa já investiu R$ 3 milhões no negócio que emprega sete pessoas, entre as quais uma responsável técnica (RT) e um chef de cozinha, e atualmente, possui capacidade instalada para produzir de 10 a 15 toneladas de produtos/mês.
A startup está instalada no Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial (CIDE), desde 2019, mas no final de 2022, a unidade deu parada de um ano para
adequar seus processos às novas tecnologias. “Para concretizarmos nosso plano de crescimento e levar o sabor do Amazonas para outros estados foi necessário estender a vida útil dos nossos produtos, otimizar a logística, melhorar a apresentação visual e destacar as características visuais da maturação artesanal, e a embalagem que assegura esses benefícios”, explica Luzeiro. O começo foi em 2018, com pesquisas de frutas amazônicas, com o emprego do açaí e do cupuaçu, mas foi no pescado que o negócio se desenvolveu. Apesar desses nichos, a Karú possui uma linha variada de produtos, que inclui molhos de especiarias
e amêndoas, entre outros.
“Me chamou atenção, por um diferencial, dentro dessas tecnologias o moqueado e o defumado, processos parecidos. Das experiências com vários pescados, escolhemos os dois peixes, pirarucu e tambaqui”, revela o empresário.Na linha do pirarucu os produtos têm cortes defumados congelados de ventrecha, medalhão e carpaccio. Há também o presunto maturado de ventrecha e bresaola de lombo, um tipo de fino presunto, além de tiras in natura e escalopes congelados. Já o tambaqui é fornecido com filé, costelas com lombo e costela defumada. A indústria alimentícia utiliza a matéria-prima regional para produzir molhos defumados de pimenta de cheiro, pimenta murupi, alho crocante, molho de pesto de jambu, castanha filetada, entre outros.
Atualmente, a Karú opera em três linhas, no congelado, defumado e maturado, este último um produto de alta gastronomia, um dos nichos explorados, com o fornecimento para restaurantes e supermercados locais. Designer Industrial de formação, Luzeiro destaca que o mercado local é um
referencial, especialmente nos segmentos A e B, pois a empresa fornece para as redes Pátio Gourmet, Supermercados Yroyak, Empório Rodrigues e Empório DB.
Mas o horizonte pode se expandir para demanda nacional e internacional. A Karú está fechando negócio com a rede Carrefour, para testes em lojas de São Paulo por 6 meses, além de tratativas para entrar no portfólio das redes Pão de Açúcar, Nordestão e Assaí. Para atingir esse mercado, a Karú investe na qualidade das suas embalagens, como a parceria com a Cryovac, empresa americana detentora deste tipo de tecnologia. Os peixes são embalados a vácuo, com selagem de alta barreira que evita oxidação, viabilizando o aumento de tempo de vida útil de 4 meses para 1 ano. A tecnologia também reduz o espaço ocupado por cada produto, o que possibilita otimizar em 44% o transporte por caminhão e em até 90% o espaço nas gôndolas de supermercados devido à possibilidade de exposição vertical. A indústria alimentícia também já conquistou troféus no Prêmio ABRE de Embalagem Brasileira 2024. Também venceu
um Prêmio de Inovação na SEA Food.
“Temos que agregar valor ao produto local, com menos impacto ambiental”, explica o empresário, como forma de facilitar a aceitação dos produtos que cada vez mais devem apresentar esses diferenciais, especialmente se têm origem na Amazônia. Um dos principais fornecedores da empresa é a Associação de Produtores Rurais de Carauari (ASPROC) para os itens de alimentos. Já para o processo de defumação, a empresa adquire a madeira Cumaru de uma madeireira certificada, a Mil Madeireiras. A ampliação da cadeia produtiva com inovação para fortalecer o segmento é uma das estratégias para expansão dos negócios na área de alimentação industrial baseada na matéria-prima regional, explica o empresário. “Não temos aqui uma indústria de pescado, temos frigoríficos, precisamos estruturar um mercado, fomentar a pesquisa, a produção; estruturar a cadeia produtiva, partindo da iniciativa privada”, defende Luzeiro.