A história que vou relatar aconteceu há muitos anos, quando eu ainda era criança e morava na Compensa, mais precisamente no Areal, quase em frente onde é hoje a Prefeitura de Manaus. Meu nome é Sonja, tenho 50 anos e nunca escrevi esta história para publicar, muito embora minha família conheça, pois foi este o motivo de termos nos mudado de lá para o Educandos.
Tudo começou assim: eu estava sentada em um balanço no quintal da frente de casa, desfrutando de um belo dia de verão, quando eu vi uma garotinha, aparentemente de uns seis anos, em pé atrás de mim. Como o quintal de casa é aberto eu não estranhei ela estar ali. Ela estava com um vestido branco com bolinhas pretas e cheio de babadinhos, e tinha um cabelo negro bem curtinho. Eu falei “Oi! Você é nova na vizinhança?” Ela não respondeu. Ela só olhou para mim e depois correu.
Pela próxima semana inteira eu vi a vi. Eu perguntava qual era o nome dela, mas ela nunca respondia. Depois de uma semana vendo ela, eu comentei com a minha mãe sobre a garotinha. Quando eu descrevi ela, as minha mãe arregalou os olhos dela. Ela sussurrou para meu pai: “não pode ser…” Eu perguntei o que ela quis dizer e ela me pediu para ir com ela.
Nós fomos até a garagem e ela pegou um álbum antigo de fotos de dentro de uma caixa toda empoeirada. Ela pegou uma foto do álbum e me mostrou. Era a garotinha que eu estava vendo.”Essa é a sua tia. Ela morreu quando tinha sete anos de uma queda de um balanço. Entrou em coma e não acordou mais. Ela foi enterrada com esse vestido”.
Desde esse dia passei a ter pesadelos e adoeci; era uma febre que não passava. O padre João de Vries, da paróquia de Santo Antônio, aconselhou ao meu pai nos mudarmos de lá. Fomos para o Educandos e a garotinha nunca mais apareceu, mas até hoje ainda sinto calafrios quando lembro.