Mais importante para os governantes e defensores da esquerda e direita é descobrir de quem é a culpa pela situação de calamidade em que se encontra o Brasil frente às queimadas do que resolver o problema. Os brigadistas e o Corpo de Bombeiros não estão conseguindo vencer os focos de incêndio que aparecem em locais de mata todos os dias, seja no Norte ou no Sul. Culpar o agro ou o governo passado pela atual situação não vai parar os incêndios, nem fazer chover nem fazer a seca parar. O que precisa, agora, é a formação de um gabinete de crise como foi criado na inundação do Rio Grande do Sul.
Aviso foi dado com antecedência
Enquanto muitos culpam o governador Wilson Lima, ele lembra que desde o mês de abril, ele acionou o Governo Federal alertando sobre o problema. De acordo com ele, os documentos foram enviados nos dias 2 e 3 de abril deste ano para os ministros responsáveis pelas pastas do Meio Ambiente e da Integração, Marina Silva e Waldez Góes, respectivamente.
“O governo federal, o Ministério do Meio Ambiente juntamente com o Ibama, emitiram um comunicado dizendo que até hoje o governo do Estado não tinha solicitado ajuda nenhuma ajuda do governo federal. No dia 3 de abril, nós enviamos à ministra Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, solicitando ajuda, levando em consideração esse contexto das queimadas e celeridade d]na tramitação do projeto junto ao fundo Amazônia”, disse.
Toma que o filho é teu
Wilson foi mais além e ressaltou que o Amazonas está envidando todos os esforços para conter e acabar com os incêndios mesmo em áreas que são de responsabilidade do Governo Federal e não da alçada do executivo amazonense. Segundo ele, os incêndios ocorrem em sua maioria nas áreas indígenas, cuja responsabilidade é da União.
“É importante ressaltar que as queimadas que estão acontecendo no Amazonas, apenas 7% estão em território que estão no Estado. O restante acontece em vazios cartográficos, acontece em glebas e em Terras Indígenas (TI), que são de responsabilidades de fiscalização do governo federal. Em nenhum momento o governo do Estado se exímio de também fazer o combate aos incêndios que estão acontecendo nessas terras”, afirmou.
Comigo não, violão
Em reunião com prefeitos dos 62 municípios amazonenses, em Manaus, o presidente Lula da Silva o investimento de R$ 500 milhões para garantir a navegabilidade segura e o escoamento de insumos, para reduzir efeitos da forte estiagem que atinge a região e jogou a responsabilidade das queimadas para o setor privado. “A nossa principal agenda aqui no Amazonas é tratar da questão da seca e das queimadas, que levamos muito a sério. Muitas queimadas durante este período são propositais e ocorrem em propriedades privadas. Estamos enfrentando a maior seca dos últimos 40 anos”, disse Lula.
“Esse fogo é criminoso. É gente que está tentando colocar fogo para destruir esse país”, disse Lula, lembrando que 85% das propriedades afetadas no Pantanal são privadas, o que reforça a necessidade de uma resposta mais rigorosa às queimadas ilegais.
Amazonas em chamas
O Amazonas registrou 930 focos de queimadas nas últimas 24 horas, segundo dados da plataforma BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número é referente aos focos identificados na quinta-feira (12) e mostra um aumento expressivo em relação a média registrada no mês até então.
A marca fez com que o Amazonas fosse o segundo estado com mais focos de queimadas no dia em todo o Brasil, atrás apenas do Mato Grosso, que lidera o ranking com 974 focos. Todos os 62 municípios do Amazonas foram declarados em estado de emergência devido à seca severa e às queimadas que afetam o estado este ano.
Até quarta-feira (11), o estado mantinha uma média de 238 focos por dia em setembro deste ano. O número registrado na quinta-feira (12) representa um aumento de 290,7% comparado a média do mês. Ao todo, já são 3.550 focos de queimada nos últimos 12 dias. O Amazonas enfrenta um aumento significativo nas queimadas, que têm provocado novas ondas de fumaça. Em agosto, foram registrados mais de 7 mil focos de calor no estado, contra 4 mil no mesmo mês em 2023. Em julho, o estado alcançou o maior número de queimadas dos últimos 26 anos.
Apenas em agosto, um incêndio atingiu uma área de mata próximo a um estaleiro no município de Manacapuru e quase atingiu embarcações que estavam atracadas no local. Em Boca do Acre e em Apuí, um incêndio de grandes proporções atingiu uma área de pasto. Os principais focos de calor estão localizados na região sul do Amazonas, onde há uma significativa presença da pecuária. O Corpo de Bombeiros destaca que muitos incêndios em áreas de vegetação são causados por ação humana.
Os efeitos das queimadas também foram sentidos pela população – houve fumaça no sul do estado e em Manaus uma densa “neblina” de fumaça encobriu a cidade por quatro dias. A fumaça resultante dos incêndioschegou até a Região Sul do país.